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Não dá para ser Kanye West em nenhum momento da vida

Não há justificativa.

Por Isabella Otto Atualizado em 17 ago 2016, 18h39 - Publicado em 13 fev 2016, 15h50

Vamos começar pelo início, que não é a música Famous, do Kanye West . O ano era 2009. Taylor Swift ganhava um VMA pelo vídeo de You Belong With Me . Durante seu discurso de agradecimento, Kanye subiu ao palco, arrancou o prêmio da mão da cantora e afirmou que ele deveria ter sido dado para Beyoncé (na época, fazendo história com o clipe de Single Ladies ). Tay tinha 19 anos; Kanye, 32.

Quase sete anos depois, o rapper lançou oficialmente a música Famous, com uma letra extremamente misógina e machista. Trecho dela diz que ” sinto que eu e Taylor (Swift) ainda deveríamos fazer sexo. Eu fiz essa vadia famosa “, referindo-se ao episódio do VMA 2009.

Há muitas bizarrices juntas só neste pequeno trecho, apesar de Kanye ter se justificado no Twitter, dizendo que “vadia” ( bitch, em inglês) é uma palavra muito comum no hip hop, por exemplo, e que ele nunca ofendeu a cantora.

Aqui, o importante é conseguir separar o artista, seu trabalho e o gênero musical que ele se enquadra do fato de ele ter sido extremamente escroto. Você pode ser fã do Kanye West, você tem esse direito, mas você tem que entender que o que ele fez foi errado.

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Não adianta dar flores, K.!

Para começar, o fato de ele, em 2016, usar de referência para sua composição uma polêmica que rolou lá em 2009 nos faz questionar quem realmente está usando quem para aumentar o ibope. Mas isso é o de menos.

“Eu e Taylor ainda deveríamos fazer sexo”. Sr. West, a Taylor não deveria fazer nada com você. Ela não te deve nada, tenha você a deixado mais famosa ou não. O corpo de uma mulher não é moeda de troca. Infelizmente, ele já foi, um dia, lá na época de Game of Thrones . Mas nós estamos em 2016! Muito felizmente, as pessoas evoluíram nesse aspecto. Pena que nem todas. Mas é por isso que continuamos aqui, fazendo textos como este.

Essa não foi a primeira bola fora (muito, muito, muito fora) do rapper. Em 2015, ele deu a entender no Twitter que considerava o comediante Bill Cosby, acusado de abusar sexualmente de 46 mulheres, inocente. Esse não é um episódio isolado. Quantos Kanyes você conhece por aí? Nós temos algumas estimativas.

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No Brasil, durante o feriado de Carnaval, 61% dos homens que frequentaram bloquinhos de rua eram Kanyes West . Com uma convicção assustadora, de acorco com uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, eles afirmavam que garotas que frequentam blocos querem mesmo ouvir cantadas, pois não “direitas”. Se fossem, nem estariam lá. Só faltou eles dizerem que as meninas ainda deveriam fazer sexo com eles.

Com certeza, os Kanyes do Carnaval vão agir e pensar dessa mesma maneira em todas as épocas do ano, com Taylors, Kims, Ambers… Eles vão sempre achar que nós estamos em dívida com eles. Que somos uma espécie de mercadoria em uma vitrine rotatória . Eles vão se achar no direito de usar palavras de baixo calão para nos nomear, porque, afinal, isso “é comum dentro do hip hop”. Eles vão se achar uma espécie de deus, com a voz da razão e o poder de controlar a vida das pessoas. E eles não vão aceitar um não como resposta! E se isso acontecer, eles vão arranjar justificativas injustificáveis para defender seu ponto de vista e sua “liberdade”.

Ei, meninos, não sejam Kanyes West. É mesmo desse jeito que vocês querem ficar Famous ?

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