Comportamento

Mulheres é um livro feminista para todos: ‘não vamos mudar o mundo com um diálogo restrito’

A ilustradora Carol Rossetti acredita em um diálogo feminista para todos!

Por Da Redação Atualizado em 28 jul 2016, 17h44 - Publicado em 23 out 2015, 12h16

Na descrição de sua página no Facebook, Carol Rossetti, que vive em Belo Horizonte, se descreve como “designer, ilustradora, artista, feminista e amante de chocolate. Mas não necessariamente nessa ordem”. A verdade é que tudo começou quando a ilustradora, aos quatro anos de idade, ganhou a sua primeira caixinha de lápis de cor, e decidiu que seguiria a profissão. O tempo passou, Carol entrou na faculdade e descobriu o poder de uma palavrinha que ela já conhecia há tempos, mas não entendia muito bem: feminismo . “Eu acho muito difícil alguém sempre ser feminista na nossa cultura, até porque ela não é feminista. Quando eu era adolescente, eu não sabia nada. Eu imaginava que era uma coisa que nem existia mais! Comecei a me identificar com o movimento na faculdade, lá pelos meus 21, 22 anos. Quando saímos do colégio, saímos da nossa zona de conforto”, explica Carol.

A descoberta e, mais tarde, as inúmeras discussões sobre feminismo na internet, deram à ilustradora uma ideia: por que não questionar o machismo e os problemas enfrentados por mulheres em um projeto? Foi assim que, em 2014, nasceu o Mulheres. “Aconteceu tudo de um jeito muito espontâneo! Eu estava testando alguns lápis de cor e a Marina surgiu. Ela foi a minha primeira arte”, lembra a ilustradora, que começou a prestar atenção em comportamentos repetidos que via nas ruas, desabafos na internet, conversas entre amigas. ” Também comecei a receber várias histórias. No começo, ficava muito impactada! Nunca deixei de me emocionar com elas”, afirma.

O projeto foi ganhando força nas redes sociais, a página da Carol alcançou a marca de mais de 240 mil seguidores e a novidade chegou de surpresa. “O pessoa da Editora Sextante entrou em contato comigo. Eu nem tinha imaginado algo do tipo! Uma agente literária? Fiquei super feliz!”, conta Carol, que lancou o seu primeiro livro com todas as ilustrações do Mulheres que já tinham na internet e 30 ilustrações exclusivas. O livro Mulheres: retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade , que já está à venda, é dividido em cinco capítulos: Corpo, Moda, Identidade, Escolhas e Amores. “Eu aprendi muita coisa com o projeto. Aprendi sobre sexualidade, identidade de gênero, situações políticas e sociais de outros países… Você sabia que, na Índia, estupro dentro do casamento não é considerado crime?”, questiona.

Com o projeto já traduzido para o inglês e o espanhol, a ilustradora diz que a maioria dos comentários que recebe é positivo, mas que, de vez em quando, recebe críticas. “Elas vêm tanto de homens quanto de mulheres. Alguns temas eu já esperava que fossem mais polêmicos, mas um que me deixou bastante suspresa foi o da depilação. Na internet, você escuta críticas positivas e negativas”, afirma a artista, que já tem um novo projeto no ar. “O Mulheres foi finalizado e agora criei o projeto Cores . Sai ilustração nova toda terça e sexta!”. O novo projeto debate sobre sexualidade, identidade e padrões impostos pela sociedade. Quem disse que menina só pode usar rosa e menino só pode usar azul?

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Carol Rosseti conta que uma das coisas que mais gosta é trabalhar com gente que se envolve. “É muito importante a gente reservar um tempinho para desenvolver a nossa própria criatividade, a nossa própria linguagem. Todo mundo deveria fazer isso. A gente nunca sabe quem a gente pode inspirar…”

E você, já inspirou alguém hoje?