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Jovem grávida é morta pelo namorado; mãe descobre desfecho do crime na TV

Dona Andreia desmaiou após receber em programa ao vivo a notícia de que o corpo da filha de 21 anos havia sido encontrado.

Por Isabella Otto 18 fev 2020, 12h33

A jovem Marcela Aranda Thomaz Baptista, de 21 anos, estava grávida de 4 meses do namorado Carlos Pinho dos Santos, de 26. Ela foi vista pela última vez em Guarulhos no dia 8 de fevereiro. Na última segunda-feira, 17, o corpo da moça foi encontrado. O namorado confessou o crime.

Reprodução/Reprodução

Revoltante, o Caso Marcela seria mais um no meio de tantos crimes de feminicídio diários que acontecem na grande São Paulo. De acordo com a delegada Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sinpesp (Sindicado dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), o crime é o que mais cresce no estado. No último ano, o crescimento foi de 14%. O caso se tornou ainda mais repugnante por ter sido tratado de maneira sensacionalista e desumana pelo Cidade Alerta, programa da TV Record.

A mãe da vítima, dona Andreia, que ainda não sabia que a filha estava morta, estava ao vivo conversando com o apresentador Luiz Bacci quando disse: “eu já chorei muito, não tenho dormido. Estou na fé que minha filha esteja viva. Estou esperando”. Poucos minutos depois, ela foi surpreendida com a notícia de que o corpo de Marcela tinha sido encontrado.

 

Totalmente desnorteada, a senhora desmaiou ao vivo e foi socorrida, mas não sem antes o programa expor alguns segundinhos do sofrimento alheio em troca de audiência. O caso continuou a ser discutido pelo apresentador e o advogado Alan, que estava na linha. Na sequência, imagens da mãe sendo ajudada foram colocadas no ar novamente. Bacci disse que a mulher tinha acabado de perder a mãe em uma enchente que acometeu Guarulhos.

Carlos Pinho dos Santos, de 26 anos, vai responder pelo crime cometido após ter se entregado à polícia. O assassino disse que tudo não passou de uma fatalidade, apesar de ter calculadamente escondido o corpo. Por ter se apresentado à Justiça, ele escapa do chamado “período de flagrante”, que agravaria a pena.

No vídeo abaixo, a partir dos 2’08”, é possível ver o momento em que a mãe descobriu que a filha estava morta:

No Twitter, não faltam críticas ao programa e ao jornalismo do tipo sensacionalista:

Não é a primeira vez que a mídia é acusada de ser negligente e ter culpa em alguns crimes. Em 1966, por exemplo, o jornal britânico Evening Standard publicou a coluna intitulada “Como Vive um Beatle? John Lennon Vive Assim”, escrita pela jornalista Maureen Cleave. No texto, ela escreve a seguinte aspa, segundo ela, dita por Lennon: “o cristianismo vai acabar. Vai desvanecer e encolher. Não preciso discutir isso; sei que estou certo e será provado que estou certo. Somos mais populares do que Jesus agora. Não sei qual dos dois vai acabar primeiro – o rock’n’roll ou o cristianismo. Jesus foi um cara legal, mas seus discípulos eram obtusos e banais. Foi a distorção deles que arruinou a coisa para mim”. Na época, John estava lendo muitos livros sobre religião, em especial de Hugh J. Schonfield, um dos até hoje mais famosos estudiosos da Bíblia. Quatro meses depois, uma revista teen americana chamada Datebook tirou algumas frases escritas na coluna de contexto e as publicou de maneira pensada, para causar um sensacionalismo barato. 14 anos depois, John Lennon foi assassinado por Mark David Chapman, que recebeu um “chamado divino” após ter acesso à matéria publicada pela revista, que repercutiu em toda América.

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