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Jovem dribla imposições da mãe pra jogar futebol: “tolera, mas não aprova”

Depois de muitos desencontros, a paraense Débora, de 21 anos, finalmente teve sua chance com o futebol, esporte que tanto ama.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 15 jul 2019, 14h41 - Publicado em 15 jul 2019, 14h00

No último fim de semana, 12 e 13, rolou a etapa mundial do torneio RedBull Neymar Jr’s Five, na Praia Grande, litoral de São Paulo. O evento, que acontece anualmente, está em sua quarta edição e a CAPRICHO esteve presente nos dois dias da competição para acompanhar a categoria feminina – que foi incluída no campeonato em 2018.

Eslováquia, campeã na categoria feminina, enfrentou convidadas especiais. Fabio Piva/Red Bull Content Pool/Divulgação

O torneio, realizado no formato 5×5, contou com a participação de atletas de 42 países, divididos em equipes nas categorias feminina e mista. Na competição das mulheres, Japão e Eslováquia chegaram à final, mas as eslovacas repetiram o elenco da edição anterior e levaram o troféu. Quem também retornou ao campeonato com os mesmos nomes foi a equipe feminina brasileira, Resenha 013, que venceu no ano passado, mas acabou ficando pelo caminho na fase de grupos desta edição. Já na disputa masculina, a equipe vencedora foi a da Hungria.

Além das jogadoras, o RedBull Neymar Jr’s Five também recebeu convidadas especiais que participaram de um jogo contra a Eslováquia, a equipe vencedora da categoria feminina. Atletas da Seleção Feminina como Andressa Alves, Cristiane, Erika e Tamires marcaram presença no campo. A ex-zagueira Alline Calandrini e a jogadora de futsal Amandinha completaram a equipe.

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Em entrevista à CAPRICHO, Tamires disse que a participação no torneio foi uma grande oportunidade para elas jogarem com pessoas que admiram no futebol, como a Amandinha, além de proporcionar uma proximidade maior com as atletas mais novas que sonham em seguir carreira no esporte. “Acho que é importante a gente ter esse contato mais próximo com elas porque, hoje, nós somos exemplos para muitas meninas que jogam futebol no Brasil. Um dia eu também sonhei em ser jogadora de futebol e eu tive esse contato com outras atletas que eu admirava”, conta.

Assim como sempre acontece dentro do futebol feminino, a competição entre as meninas do RedBull Neymar Jr’s Five também estava repleta de histórias incríveis de força e superação. Uma delas era a da Débora Cavalcante, de 21 anos. Nascida no interior de um município chamado Breves, no estado do Pará, ela sempre quis ser uma jogadora de futebol profissional, mas acabou deixando o esporte de lado por um tempo quando se mudou para a Guiana Francesa. “Eu fui embora porque eu tinha duas escolhas. Eu poderia ir para Belém jogar futebol em um time de lá, mas a minha mãe me fez ir para a Guiana, porque eu tinha um sobrinho que é autista e ele estava muito acostumado comigo“, disse à CH.

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Segundo ela, o sobrinho passou um mês de férias com Débora e acabou se apegando à tia como se fosse a mãe dele. Para a mãe da Débora, por outro lado, a mudança também era um jeito de fazer a filha esquecer o futebol. “É ‘esporte de homem’, aí ela não aprova. Ela tolera, mas não é muito do gosto dela”, conta. No primeiro mês em um país novo, Débora não encontrou nenhum time de futebol e quase entrou em depressão, pensando em voltar para o Brasil. No ano seguinte, contudo, ela entrou em uma equipe e passou a jogar futebol e futsal, mas o sonho de virar profissional nunca foi deixado de lado. “Eu quero expandir. Eu já saí de lá uma vez em 2017, fui para Paris e fiquei 7 meses, só que eu me machuquei no meu primeiro jogo oficial e voltei para a Guiana depois da operação e reabilitação. Voltei a jogar e agora vou tentar de novo“, afirma.

Débora jogou no time Jr’s Global Five. Fabio Piva/Red Bull Content Pool/Divulgação

Ela participou do campeonato na categoria mista, atuando no time Jr’s Global Five com mais uma menina e mais cinco homens. Foi a primeira vez que uma equipe com integrantes de países diferentes foi formada para participar do torneio. A história da Débora está entre milhares de outras meninas do Brasil que também sonham com o futebol e ainda encontram tantos obstáculos pelo caminho – que, para os homens, costuma ser tão mais fácil. Vamos apoiar os sonhos das nossas garotas! #JogueComoUmaGarota

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