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“Infelizmente, sei que não serei a última vítima de homofobia”, afirma Gabriel Kowalczyk

O jovem Gabe Kowalczyk, de 19 anos, foi a mais recente vítima de violência gratuita contra homossexuais.

Por Da Redação Atualizado em 17 ago 2016, 14h47 - Publicado em 2 out 2014, 15h40

No último dia 25, Gabriel Kowalczyk de 19 anos, foi agredido por três homens na rua, quando ia à uma entrevista de emprego. O motivo do ataque: homofobia. Gabriel é homossexual e, desde os treze anos, assumiu sua condição até para a família. “Meus pais sempre me dizem: seja o que você tiver vontade, desde que respeite o próximo. Mas hoje, isso parece impossível”.

Ele contou à CAPRICHO o que aconteceu naquele dia:

“Era quinta-feira, 25. 06h40. Estava caminhando até um ponto de ônibus da Rua Tabaré, zona sul de São Paulo. Tinha uma entrevista de emprego agendada. Havia três caras descendo a mesma rua que eu. Vestiam camiseta, calça jeans e moletom. Nem dei importância. Até perceber que eles estavam me seguindo. Apertei o passo, mas logo senti uma dor intensa nas pernas. Havia levado uma rasteira. Caí. Um dos caras segurou os meus braços para cima, enquanto os outros dois me agrediam e me xingavam. ‘Bicha’ foi a palavra mais leve que eles usaram. Foram pontapés, socos e pisões. Até que avistei uma faca. Estava sem forças, mas gritei por socorro. Isso os irritou e eles me cortaram no braço esquerdo. Depois, abaixaram a minha calça. Estavam prestes a me abusar sexualmente quando um barulhou os assustou. Só então eles decidiram ir embora, mas não sem antes me ameaçar uma última vez: ‘isso não acabou, viadinho’.”

Em menos de um ano, é a segunda agressão sofrida por Gabriel sem motivo nenhum. “Respirei fundo, me levantei e fui buscar ajuda em um posto policial que fica a 30 metros de onde fui agredido. O pessoal na rua me olhava com nojo e repulsa. O policial que me atendeu foi um exemplo de profissional e cidadão, bem diferente do que me ‘ajudou’ no começo do ano, quando sofri a minha primeira agressão gratuita. Meu pai foi ao meu encontro, registramos o B.O. e seguimos para casa. Só lá consegui chorar”, lembra

Além do apoio da comunidade LGBT, Gabe contou com o apoio da família que, desde sempre, ficou ao seu lado. “Sei que muitos gays não têm essa sorte. Eu pude crescer e ser quem eu sou. Meus pais são incríveis, assim como a minha família. Tenho um irmão mais novo que me acha um superherói”, conta.

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Felizmente, dessa vez, o boletim de ocorrência surtiu efeito e a polícia segue tentando identificar os suspeitos com a ajuda de câmeras de seguranças de edifícios e comércios localizados nas proximidades da Rua Tabaré. “Quanto a sair de casa, por enquanto, estou evitando. O medo toma conta. Ninguém morre por ser heterossexual. Mas gays, lésbicas e transexuais estão sendo mortos a rodo. É ridículo e desumano virar as costas para isso”, desabafa.

O caso de Gabriel aconteceu apenas há poucos dias do polêmico discurso feito pelo candidato à presidência Levy Fidelix, após ser questionado sobre união homoafetiva durante o último debate ealizado pela Rede Record (se você não assistiu ao vídeo, clique aqui ). Perguntei ao Gabriel o que ele achou do posicionamento do candidato: “fique incrédulo! Embora seja recorrente a exposição dos LGBTs na mídia, são raras as vezes em que os danos que a homofobia pode causar são expostos. Danos psicológicos irreversíveis e até a morte . Quando finalmente as pessoas notam que a nossa luta contra o preconceito que sofremos é importante, vem toda essa escória dizendo coisas como: ‘pessoas morrem todo dia’; para tentar diminuir o impacto. Infelizmente, sei que não serei a última vítima de homofobia”.

CAPRICHO se solidariza com Gabriel e repudia atos e discursos a favor de qualquer tipo de preconceito, incluindo aí a homofobia. Vamos falar sobre isso?

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Vocês viram a história da Maria das Dores, de Minas Gerais? Ela foi agredida nas redes só porque é negra e namora um cara branco. A Capricho é contra o preconceito e apóia o amor. Sempre. #AbaixooPreconceito

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