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Girlboss: Por que gostamos da Sophia (e da série da Netflix)

Existe uma quantidade enlouquecedora de resenhas negativas na web com relação ao seriado e à personagem. Mas por que odeiam tanto a Sophia?

Por Isabella Otto Atualizado em 6 Maio 2017, 19h00 - Publicado em 6 Maio 2017, 19h00

Uma das principais razões que me fizeram assistir a Girlboss (depois da Britt Robertson) foi a quantidade enlouquecedora de resenhas negativas na web com relação ao seriado e à personagem. Confesso que não sabia nada sobre a trama. Apenas que era baseada em um livro de muito sucesso que conta a história de uma mulher com um tino para moda que virou sua própria chefe. Mas por que odiaram tanto a tal Sophia*? Será que eu também a odiaria? Só tinha um jeito de descobrir…

Girlboss: Por que gostamos da Sophia
Reprodução/Reprodução

Eis que, em dois dias, terminei a temporada e, sim, a Sophia é uma garota branca de classe média que reclama da falta de grana mas está sempre bem vestida. Ela também é arrogante em diversos momentos, parcialmente mimada e cheia de maninas irritantes. É fácil sacar que ela seria o tipo de amiga que faltaria a um compromisso e diria sem culpa alguma que apenas não estava a fim de ir, como se o fato de vocês terem combinado algo antes não fizesse a mínima diferença. Mas a Sophia também é genial. E se você não enxergou isso, aqui vão alguns itens – que você não verá em muitas matérias por aí – que tornam essa #girlboss tão peculiar e , por que não, especial.

Sophia é cabeça-dura e teimosa, mas ela dá o braço a torcer. Veja o que acontece no quinto episodio da série, intitulado “Top 8”, em que a protagonista comete um erro tremendo com a melhor amiga, mas conversa com a sua consciência e, sozinha, percebe que está sendo uma garota babaca e corrige o seu erro. O episódio termina com um belo pedido de desculpas e precisamos reconhecer que não é tão fácil assim achar por aí pessoas que têm a capacidade e a humanidade de reconhecerem que estão erradas e se desculparem por isso. Sophia tem coragem de admitir que estragou tudo.

Uma das coisas que mais gostei em Sophia foi o fato de ela lidar com relacionamentos da forma que eu gostaria. Ela é livre, mesmo estando amarrada a alguém. Ela não tem vergonha de falar sobre seus problemas e suas paixões. E ela não fica à merce de homem para tomar uma decisão. Se ela está com vontade, vai lá e faz. Para muitos, isso pode parecer uma atitude egoísta, descomprometida e de alguém que claramente não sabe fazer concessões em um relacionamento. Quando você é uma pessoa que ainda é muito presa e não se sente completamente à vontade em relações a dois, porém, esses comportamentos da personagem se tornam inspiradores. É quase como se ela te dissesse: “Ei, que se dane o que o outro vai pensar. Se ele não gostar de você do jeito que você é, então ele não gosta de você de jeito nenhum”.

Girlboss: Por que gostamos da Sophia
Reprodução/Reprodução

Exatamente por isso, a Sophia de Britt Robertson é girl power. Não só por ser a sua própria chefe e gerenciar um negócio. Ela pensa no bem estar das outras mulheres ao customizar roupas que possam torná-las mais confiantes. Ela atravessou a ponte Golden Gate, venceu seu maior medo e tudo isso só para entregar uma encomenda como havia prometido para outra garota! Tudo bem que a moça em questão é uma cliente, mas isso só mostra que Sophia está preocupada em fazer bem o seu trabalho. Aí os produtores mandaram benzão na escolha da atriz. 

É fato que ela pisa na bola várias vezes. Quando, por exemplo, customiza um clássico vestido de baile, que ganhou de presente, e o coloca a venda sem nenhuma culpa. A protagonista não se enquadra nos clássicos padrões trabalhistas e nem deve ser tratada como um exemplo a ser seguido à risca. Mas ela pensa a frente do seu tempo (lembrando que a série se passa em 2006) e só quer ser um motivo de orgulho, principalmente para o seu pai. Qual filho não sente essa pressão? Não tem esse desejo? Não dá para justificar a personalidade de Sophia e os seus baixos, mas quando você conhece a mãe da personagem e vê como elas são parecidas, pode ser que também imagine, assim como eu, que ela só é do jeito que é para manter a mãe perto, mesmo longe, reproduzindo comportamentos que ela teria. Sophia não demora a cair na real.

De todos os adjetivos que ela poderia usar para criar o nome da sua loja de roupas no Ebay, um que realmente a representasse, a empreendedora escolheu Nasty Gal. Ela é uma garota má e indecente. Ela não esconde isso em nenhum momento nem tenta mascarar. Sophia é o que é e, na maioria das vezes, as atitudes mais questionáveis que tem prejudicam ela e apenas ela – e quando outras pessoas são envolvidas, a personagem tenta mudar e evoluir. 

Girlboss: Por que gostamos da Sophia
Netflix/Reprodução

Por fim, ouvi muita gente dizer que a série não é representativa. Acredito que a proposta principal dela não seja levantar discussões cabeças necessárias. Tem muita série boa que faz isso e nem tudo precisa ser engajado e político. Girlboss é entretenimento puro, comédia, e isso também é fundamental. O seriado não pecou na escolha dos atores nem em nenhum diálogo. Muito pelo contrário! Eu realmente fiquei com vontade de aplaudir a fala de Sophia várias vezes, principalmente quando ela é minimizada por ser uma garota e levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. E se muita gente falou que os dois únicos personagens gays do seriado não têm papeis de destaque, eu digo (mesmo sem ter lugar de fala, me perdoem): Nathan (Cole Escola) é uma das pessoas mais incríveis da história e Lionel… Bem, Lionel é RuPaul.

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Sophia é totalmente descompassada e inconsequente! Mas sinceramente? Não entendo por que a crucificam tanto. Algumas resenhas são tão opressoras que eu cheguei a ficar com medo de dizer que gostei de Girlboss e, sim, assistiria de novo. O roteiro está muito bem desenhadinho e cheio de elementos surpresas e criativos. O episódio 10, “Fórum de Moda Vintage”, que mostra uma conversa em um fórum na internet, vai explodir os seus neurônios (de uma forma positiva)! Por último, mas não menos importante, Britt Robertson fez um excelente trabalho e não precisei de mais de três episódios para sacar quem era a Sophia e me afeiçoar a ela assim mesmo.

*A Sophia analisada na matéria é a do seriado, interpretada por Britt Robertson. Em nenhum momento falamos sobre a personalidade da verdadeira Sophia Amoruso, que inspira a personagem. 

 

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