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Bolsonaro mata gays, negros e feministas em jogo chamado Bolsomito 2k18

Depois de mortos, 'os mais diferentes tipos de inimigos', conforme diz sinopse do game, viram fezes. Isso mesmo, cocôs.

Por Isabella Otto Atualizado em 8 jul 2020, 11h44 - Publicado em 9 out 2018, 17h10

Na última sexta-feira, 5, o game Bolsomito 2K18 foi lançado por uma desenvolvedora chamada BS Studios. No último domingo, 7, data que marcou o primeiro turno das eleições, ele foi atualizado. “Tentaremos implementar assim que possível novos golpes e especiais para o personagem principal”, diz informativo publicado na plataforma Steam, onde o jogo está disponível para download.

Reprodução/Reprodução

O personagem principal é Jair Messias Bolsonaro, candidato à Presidência da República. No game, ele soca negros, gays, feministas e integrantes do MST até a morte. Uma vez mortos, “os mais diferentes tipos de inimigos”, como diz sinopse do jogo, viram cocôs. “Muita porrada e boas risadas”, diz frase final do resumo.

O gráfico do lançamento é inspirado nos tradicionais fliperamas 2D. Na página dentro do Steam, um tal de Xahdy responde como o desenvolvedor – ou, talvez, um eles. O usuário também tem outros nomes cadastrados no sistema, como Edmundo. O perfil é privado, como é possível ver abaixo:

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Até o momento em que esta matéria foi publicada, o jogo estava com 82% de aprovação. Os comentários, bastante exaltados, por sinal, enaltecem a ideia do game, apesar de criticarem a jogabilidade. Para muitos, Bolsonaro deveria ser mais forte para “conseguir dar ainda mais porrada em quem merece”.

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Abaixo, selecionados alguns comentários que foram feitos na página de avaliação do jogo. Por enquanto, não vamos propor nenhuma reflexão. Apenas leia o que foi dito:

Reprodução/Reprodução
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Não há como negar que o Bolsonaro é um candidato polêmico, que já deu declarações racistas, homofóbicas e machistas que foram apuradas e comprovadas. Sem entrar em questões partidárias, muitos tentam justificar tais declarações ou minimizar o peso delas mostrando outras menos ofensivas ditas pelo político. Alguns eleitores de Bolsonaro, inclusive, dizem que, muitas das pessoas que se opõem a ele, estão exagerando. Esse jogo prova, contudo, que o discurso dele está dando espaço para pessoas tratarem questões como homofobia, racismo e machismo como casuais, coisinhas que podem ser exploradas em games violentos e de mau gosto. Quer dizer, será que alguém acha que sair espancando grupos específicos de pessoas em cenários criados para serem ofensivos é de bom gosto? Será que alguém acha que é uma simples zoeirinha? Os comentários destacados nesta matéria provam justamente o contrário: as pessoas sabem o que estão jogando e concordam com o que o jogo promove.

Diversos veículos de comunicação, como o jornal Correio Brasiliense e o site UNIVERSA, entraram em contato com a BS Studios. A desenvolvedora, contudo, disse que não está interessada em dar entrevistas. A CAPRICHO procurou uma advogada para entender se a desenvolvedora poderia ser processada e se o jogo poderia ser retirado do ar.

Andressa Oliveira explicou que, caso uma pessoa se sinta diretamente ofendida pelas imagens do jogo e/ou considere que aquela imagem se refere a ela especificamente, um processo pode ser iniciado. “Ou, por exemplo, se um grupo de negros se juntar e processar coletivamente, entrando com uma ação coletiva por racismo. Racismo é crime! Comentários racistas e preconceituosos também podem e devem ser denunciados. A justiça precisa de tumulto para funcionar”, disse.

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Vale lembrar que o Marco Civil da Internet é bastante vago, por isso crimes online são tão mais complicados de serem denunciados e processados. “Se fosse na Arábia ou em qualquer outro país, até teria uma lei específica, mas aqui no Brasil é muito difícil fiscalizar e regular essas coisas virtuais“, explicou a advogada.

Confira abaixo alguns dos principais cenários do game:

Reprodução/Reprodução
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É interessante destacar que o jogo nem de muito longe funciona como uma homenagem, além de ferrar com a imagem dos gamers. A pergunta que não quer calar é: como defender o indefensável?

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