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A cada hora, um jovem é morto por arma no Brasil; taxa em escolas preocupa

Entre 1997 e 2016, perdemos mais de 145 mil crianças e adolescentes com até 19 anos em consequência de disparos de armas de fogo no país.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 22 mar 2019, 17h09 - Publicado em 22 mar 2019, 15h27

O massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na última semana, trouxe um misto de sentimentos diferentes: tristeza, raiva, indignação, desespero, preocupação. Mas, além disso, o caso também trouxe um alerta importante para um problema que parece só crescer no Brasil, embora só receba a devida atenção quando um crime desse nível ganha repercussão. Estamos falando sobre o combo “armas de fogo + adolescentes”, seja em casa ou dentro da escola. Essa realidade não é tão novidade assim no país, o que nos leva a perguntar: por que isso continua acontecendo com tanta frequência? E, melhor, até quando?

Getty Images/Reprodução

O recente e trágico acontecimento fez com que boa parte da população brasileira voltasse seus olhos para todos os tiroteios que aconteceram em escolas do país nos últimos anos. Ataques que, inclusive, tiraram vidas de dezenas de crianças e adolescentes. Há quem pergunte o que pode ter feito um jovem com tão pouca idade pegar uma arma de fogo nas mãos e atirar em colegas de classe a sangue frio, seja motivado por bullying ou problemas de saúde mental. Tem até quem culpe videogame, familiares e sabe-se lá o que mais. Contudo, pouco se fala sobre o que está sendo feito para contornar essa situação.

De acordo com um levantamento divulgado pelo portal R7, uma arma de fogo é encontrada em escolas estaduais de São Paulo a cada 15 horas. Entre os anos de 2014 e 2017, foram registrados 2.531 casos de posse ou encontro de armas ou objetos perigosos nas escolas do sistema de ensino público do Estado, segundo dados da Secretaria Estadual de Educação.

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“Queria que eles me deixassem em paz. Que gostassem de mim” Giphy/Reprodução

Outro levantamento aponta que esta realidade fica ainda pior se for analisada de forma geral, não apenas em casos que possuem escolas como cenários. De acordo com o estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, mais de 145 mil jovens com até 19 anos morreram em decorrência de disparos acidentais ou intencionais de armas de fogo entre os de 1997 e 2016. Somente em 2016 foram 9.517 mortes, praticamente o dobro de 1997, que teve 4.846 casos. Não é preciso explicar o que isso significa, não é? Os números estão crescendo absurdamente com o passar dos anos – e dá para ~teorizar~ uma lista grande de possíveis motivos para esse aumento.

Os números indicam que uma criança ou adolescente morre a cada 60 minutos por arma de fogo no Brasil. Segundo o levantamento, a cada 2 horas um jovem com menos de 19 anos dá entrada em um hospital com ferimento por disparo de arma. Entre 1999 e 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 96 mil internações.

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Entre as mortes registradas, as principais causas são homicídios (94%), tiros causados por intenções indeterminadas (4%), suicídios (2%) e acidentes (1%). Já nas internações em hospitais, a porcentagem de acidentes cresce para 26%.

Mais livros, mais educação, mais amor, mais ajuda e mais amparo. Menos armas, por favor.

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