Meninas e mulheres vão às ruas pedir pelo fim do feminicídio no Brasil

Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios, registrando recorde na série histórica desde 2015, quando a Lei do Feminicídio entrou em vigor.

Por Andréa Martinelli 8 dez 2025, 09h20
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ilhares de meninas e mulheres se uniram em pelo menos dez capitais pelo país neste fim de semana para marchar e pedir pelo fim da violência contra a mulher.  Essa mobilização, feita a nível nacional, foi convocada pelo coletivo “Mulheres Vivas” após uma onda de feminicídios abalar todo o país.

Você aí do outro lado talvez deva estar se perguntando: mas eu devo me preocupar com isso, então, CAPRICHO? Fique com a gente aqui nesse texto, que vamos te explicar o que vem acontecendo e, porque mesmo meninas e meninos, jovens e adolescentes, não só podem, como devem participar dessa discussão e ter acesso à informação qualificada.

Aqui na CH a gente já te avisou que até o Ministério das Mulheres estava atento ao número crescente de feminicídios no país. Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Em média, cerca de quatro mulheres foram assassinadas por dia em 2024 em razão do gênero, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.

Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios, registrando um recorde na série histórica, desde 2015, quando a Lei do Feminicídio entrou em vigor.

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Crimes recentes, com requintes de crueldade, chamaram a atenção da opinião pública e comprovaram a estatística: no final de novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, enquanto ainda estava presa embaixo do veículo. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso acusado de feminicídio.

Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-RJ), no Rio de Janeiro, foram mortas a tiros por um funcionário da instituição que se matou em seguida.

Na última sexta-feira (5), foi encontrado, em Brasília, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos. O crime está sendo investigada como feminicídio, após o soldado Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.

Estes foram só alguns dos casos que vieram a público recentemente. Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses.

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Mas o que eu, menina ou menino, tenho a ver com isso?

Vamos lá, a gente te explica: um estudo super importante da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que quase um quarto (24%), ou 19 milhões, das adolescentes que têm um relacionamento terão experimentado violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo até completarem 20 anos. Quase uma em cada seis (16%) experimentaram violência de gênero no último ano, diz a pesquisa.

Para chegar a este número, pesquisadores utilizaram estimativas globais, regionais e nacionais entre os anos de 2000 até 2018 publicadas pela própria OMS e, assim, conseguiram estimar a prevalência dos casos no último ano e, também, ao longo da vida de adolescentes. Foram analisados números de 161 países sobre casos de violência sexual, física ou ambas por parte do parceiro íntimo contra meninas de 15 a 19 anos.

O feminicídio é o fim do ciclo da violência, que começa desde cedo, segundo os dados. Ela pode começar com uma violência psicológica e evoluir para a violência física, culminando na morte de meninas e mulheres.

Mas, então, existe uma saída, CAPRICHO?

Sim, existe. E o caminho está na educação e na informação. A gente explica: a Lei Maria da Penha, que tem apenas 19 anos, é considerada uma das mais avançadas do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) — e a nossa galera sabe muito bem a importância dela.

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Segundo a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher deste ano, realizada pelo Instituto DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), as mulheres mais jovens, de 16 a 29 anos, são as que mais conhecem a Lei Maria da Penha. Apenas 6% do público entrevistado desse faixa etária não sabia do que se tratava a lei.

Mas ainda temos um desafio enorme. Na revista impressa de julho deste ano, a repórter Mariana Gonzalez, na reportagem “Ser menina hoje é…”, conversou com especialistas que mostram que especialmente os meninos estão expostos a conteúdos que pregam ódio às mulheres desde muito cedo.

“Com a internet, um menino que acha normal desprezar mulheres encontra outros que acham o mesmo e eles criam uma comunidade. Então, o que antes seria só uma pessoa numa escola, pensando em fazer algo errado, se torna um grupo inteiro pensando em fazer o mesmo”.

Esse tipo de conteúdo instiga meninos a praticar violência contra as meninas, aumentando a incidência de práticas como pornografia de vingança, nudes fakes criados com inteligência artificial e cyberbullying – trata-se da “violência de gênero facilitada pela tecnologia”. 

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