Trama Afetiva exibe looks de guarda-chuvas descartados em desfile vibrante
Projeto estreia na Casa de Criadores com coleção à la anos 80 que nos faz repensar a lógica do consumo
m sua estreia na Casa de Criadores 57, a Trama Afetiva exibiu a coleção ‘A Anarquia da Felicidade’ nesta sexta-feira (5), no Centro Cultural de São Paulo. A plataforma de moda regenerativa fundada por Jackson Araújo e Luca Predabon teve o desfile assinado pela diretoria de moda Thais Losso, com peças feitas a partir de náilons de guarda-chuvas descartados.
“A gente trabalha com o que vem mensalmente dos catadores de recicláveis, e, com a compra dos guarda-chuvas já higienizados, é sempre uma surpresa. Não sabemos o que vai aparecer, pode vir oncinha, xadrez, laranja ou até mesmo bolinhas. Chamamos isso de design de restrição, que é trabalhar com o que tem, e isso é o verdadeiro sentido de trabalhar com upcycling“, afirma Thais Losso em entrevista à CAPRICHO no backstage do evento.
Fora a diversidade de estampas que chega com os materiais reciclados, a Trama Afetiva apostou na vivência dos anos 80, com muitas cores e volumes, ombros e mangas em destaque, dando um toque da estética esportiva e também do streetwear. “Gostamos de trabalhar com referências que tem a ver com a gente, tanto eu quanto o Jackson fomos adolescentes nos anos 80. Então, eu tenho muito dessa época dentro de mim”, explica Thais.
A coleção também possui um pezinho no eletro e no tecnobrega do começo dos anos 2000, uma linguagem que, por sua vez, olhou para a década de 80.
“É uma hora [estrear aqui], porque a gente é da velha guarda da moda, acompanhamos essa construção da Casa de Criadores. Então, é como se reconectar com o passado que a gente nunca perdeu”, celebra Jackson.
O intuito do design social e regenerativo é impedir que resíduos urbanos vão para o aterro sanitário. Dessa vez, o náilon de guarda-chuva é um bom exemplo desse material que foi reaproveitado. Com essa atividade, a iniciativa fortalece uma rede de trezentas mulheres: catadoras, costureiras e artesãs.
Para a Trama Afetiva, os limites não restringem, eles revelam possibilidades, transformando roupas em um gesto político criativo que nos faz repensar a lógica de consumo.
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