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O final de Dexter

Por Da Redação Atualizado em 17 ago 2016, 12h07 - Publicado em 18 dez 2015, 16h44

E Dexter se acabou neste fim de semana. Literalmente. O fim da série decepcionou muitos fãs – eu, inclusa – e não porque deixou saudades, mas por apresentar uma morte lenta e dolorosa para a trama do serial killer ~de boas~ .

Sou dessas que não viu nada demais no enredo da temporada passada, com Deb apaixonada pelo próprio irmão. Uma série que mostra um cara amarrar, desmembrar, envenenar, matar a facadas, explodir coisas… não deveria chocar ninguém com uma paixão (será?) entre irmãos de criação, né? Eça de Queirós já fazia isso nos anos 1800, gente!

Para mim, o chacoalhão levou a cenários ainda mais interessantes para a série, que já dava sinais de cansaço: Deb matou a chefa/mentora LaGuerta para encobrir o irmão, entrou em uma espiral de vícios, pirou geral. Dexter, por sua vez, tava peganders a também assassina Hannah. Aí adentramos a oitava temporada e conhecemos a tal dra. Vogel, criadora (junto com Harry) do código que tornou possível a integração do psicopata na sociedade. Mais um ponto para Dexter, que explorava as origens do protagonista.

Tudo bem, tudo ótimo, mesmo com o excesso de tempo de tela dado a tramas paralelas menores. Mas, o roteiro vira uma ladeira até o último episódio, que já começa com Debra baleada por Oliver Saxon e Dex se preparando para fugir para a Argentina com Hannah e Harrison. E eu lhes digo: WTF?

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O grande forte do episódio foi a morte de Deb, ela se costurava há algumas temporadas já: uma detetive de personalidade destrutiva que tinha um assassino como irmão não podia acabar bem. Gosto da forma com que ela foi conduzida, off camera, sem melodramas e pegando de surpresa. O coágulo foi uma saída rápida, boa, eficiente, mesmo que a gente já tenha visto por aí. (Denny Duquette, alguém?)

O que acontece depois é que estraga tudo. Dexter manda Hannah fugir com Harrison para a Argentina, enquanto ele vinga a morte cerebral da irmã. Na bad, ele mata Oliver dentro da delegacia, se safa com o argumento de legítima defesa, volta ao hospital e vai atrás de Deb. Lá, ele rouba o corpo em coma, leva até o barco e se enfia no meio do furacão.

Pausa.

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Vamos refletir um minuto:

 

1) É bem sussa mandar seu filho ficar na guarda de uma assassina em outro país, né?

2) É mais sussa ainda matar um cara dentro da sala de interrogação e sair de lá com o argumento de legítima defesa. Batista, dá uma refletida aí sobre a filmagem dessas câmeras!

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3) Muito mais sussa é roubar um corpo do hospital, com um BARCO PARADO NO ESTACIONAMENTO (tipo, quê? eu não arrumo essas vagas no shopping).

4) E aí que o cara psicopata ignora seu único instinto básico – o de sobrevivência – para se punir por ter destruído a própria irmã.

Sei que este meu último argumento é o mais complicado, já que a série caminhava na humanização de Dexter há tempos — como se isso fosse possível. E aí, culpado, destruído, arrasado, ele libera o voiceover de que tudo o que amava, ele destruía. Que tinha que proteger Hannah (HAHAHA) e Harrison de si mesmo. E que agora que finalmente sentia aquilo que os outros sentiam, queria parar.

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Ato contínuo, em vez de se matar, ele aparece exilado. Fazendo o lenhador.

Embora surpreendente, esta saída não é um castigo nem uma redenção para o personagem. Não que eu acredite que ele precisasse de castigo, o mundo em que Dexter vivia era amoral. Moralizá-lo era a tentativa do código criado por seu pai, algo que falhou. Ele se perdeu entre a apatia e o sentimento.

Apesar de bonita, a cena do funeral no barco tampouco o redime. Dexter conseguiu o que queria, uma fuga fácil para a agonia de sentir e amar. Ele queria se desumanizar, se distanciar do contato humano. E conseguiu.

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Acho que a grande cilada é a impressão de que a série permaneceu fiel à sua identidade, mostrando um mundo escorregadio, injusto, relativista. No fim, Dexter apenas retomou o controle da própria situação.

 

PS.: Hannah…Sério! Uma personagem que não acrescentou nada por fim, apesar de Yvonne Strahosvki ser ótima.

E vocês, o que acharam deste final?

Um beijo,
Mari

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