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Harry Styles escancara lado vulnerável em primeiro álbum solo

Sonoridade vai surpreender os fãs de One Direction

Por Bruno Dias Atualizado em 14 Maio 2017, 11h48 - Publicado em 13 Maio 2017, 17h59
Foto/Divulgação

Quando o One Direction subiu ao palco pela última vez no dia 31 de outubro de 2015 em Sheffield, na Inglaterra, para depois entrar em uma pausa por tempo indeterminado, era fácil saber como cada um dos meninos iria soar em suas carreiras solo, com exceção de Harry Styles. Apesar de ter sido por cinco anos o integrante mais assediado da maior boyband da última década, Harry sempre fez questão de manter um ar de mistério, e isso não se limitou apenas a sua vida pessoal. A sonoridade de sua estreia solo também sempre foi uma incógnita, apesar de já ter dado alguns sinais em canções do One Direction como Stockholm Syndrome, que ele fez questão de manter no setlist dos poucos shows solo que fez.

Foi quando Sign of the Times chegou com toda sua dor e introspecção que percebemos o que Harry Styles queria nos mostrar. Apesar de ser um dos maiores ídolos teen do mundo, no fundo mesmo ele é só mais um garoto de 23 anos, tão vulnerável quanto os milhões de fãs que o idolatravam e ajudaram a vender mais de 50 milhões de discos com o One Direction.

Essa vulnerabilidade de Styles não está nas entrelinhas, ela aparece escancarada já na capa do álbum, que o traz nu, ajoelhado como se enxugasse as lágrimas de muitos relacionamentos incompletos, exausto das noites mal dormidas, das extensas turnês mundiais e da falta de privacidade.

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Não é de se estranhar que Meet Me in the Hallway (em que chega a pedir morfina para acabar com a dor) e Sign of the Times – que praticamente se completam em sonoridade e sofrimento -, sejam a porta de entrada para Harry se expor por completo como artista ao longo das dez canções que compõem sua estreia solo. Uma homenagem aos heróis musicais dele e uma viagem pela história do pop rock britânico.

Mike Coppola/Getty Images

O piano de Bennie and the Jets, de Elton John, dá as caras em Woman. Enquanto o Rolling Stones de Mick Jagger, com quem Harry é frequentemente comparado por sua semelhança física, surge de forma explícita em Only Angel, que ainda traz em sua introdução falas tiradas do filme Barfly – Condenados pelo vício, que conta com roteiro do escritor Charles Bukowski, de quem Hazza é fã. Por falar em introdução, o cantor consegue nestas duas faixas citar um poeta maldito e comédias românticas, já que em Woman ele simplesmente pergunta: “Devemos apenas pesquisar comédias românticas na Netflix e ver o que encontramos?”.

Uma curiosidade: assistir comédias românticas era o passatempo preferido de Harry Styles durante as gravações do álbum na Jamaica.

Harry também consegue trazer referências ao próprio One Direction, já que Two Ghosts (em que ele narra um casal passando pelos momentos finais de seu relacionamento) e Sweet Creature (baladinha no violão no estilo Blackbird, dos Beatles), passariam fácil por canções do 1D. O rock, que toma conta de todo o álbum, encontra sua faceta mais pesada em Kiwi, em que ele abusa das guitarras.  (Alguém pensou em Arctic Monkeys? The Kinks?).

Após passar por tantas emoções, From the Dining Table fez todo sentido ao ser escolhida para finalizar a estreia solo de Harry Styles. Ela resume de forma quase autobiográfica o que é “ser Harry Styles”. O garoto mais cool do mundo, que passou os últimos anos de sua vida dormindo em quartos de hotel, que anda de terno pink millennial e sapatos Gucci como quem vai à feira, mas que também tem coragem de se apresentar vulnerável, humano, falando sobre a morte, e sofrendo ao receber de volta uma camiseta velha roubada por uma ex-namorada.

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