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“Temos que fazer com que as pessoas se sintam mais aceitas”, diz Jungle

Conversamos com a banda britânica durante a passagem deles pelo Brasil!

Por Gabriel Justo Atualizado em 8 Maio 2019, 18h54 - Publicado em 8 Maio 2019, 16h17

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é reunir os amigos em casa para bater papo e ver clipes na TV. Foi assim que, há alguns meses, eu conheci a Jungle, uma banda inglesa que chamou minha atenção com o clipe de Heavy, California, uma música sobre a paixão dos vocalistas Tom McFarland e Josh Lloyd-Watson pela Califórnia, “miles away” do Reino Unido, onde eles cresceram ouvindo desde clássicos como Elvis Presley e Chet Baker até Strokes, Libertines e Red Hot Chilli Peppers, sucessos da época.

Fugindo de todos os possíveis clichês de um clipe sobre o amor, o de Heavy, Califórnia traz um grupo de bailarinos performando uma coreografia hipnotizante num enorme campo verde e sob um céu azul digno da Costa Oeste. Plus: com looks lindíssimos inspirados nos anos 70! Antes mesmo de chegar à metade do clipe, a vontade é de se jogar na coreografia junto com eles!

E essa é justamente a vibe que o Jungle gosta de criar com o som deles, cheio vocais agudos, sintetizadores funky e sons da natureza. Desde o começo, Tom e Josh queriam usar a música para levar as pessoas a um mundo onde elas podem se sentir bem e confortáveis. E o jeito que eles encontraram de criar essa vibe livre e acolhedora foi deixar de ser um ‘duo’ para seu um ‘coletivo’, convidando amigos deles para dirigir e coreografar os clipes e até fazer os shows – no palco, a dupla de irmãos é acompanhada por outros cinco músicos.

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“Quanto mais pessoas com você, há mais energia envolvida, mais diversão e mais empolgação com aquele projeto”, explicou Tom em entrevista à Capricho, horas antes de subirem ao palco do Cine Joia, em São Paulo, na última quinta (2). “Nós fazemos música. E gostamos de dar liberdade para que nossos amigos usem o talento deles para fazer um clipe incrível. Nós queremos que eles ouçam nossa música e expressem o que sentem com ela por meio da dança.”

A busca dessa expressão sincera de sentimentos e de uma conexão verdadeira entre os integrantes do coletivo e o público deu certo. Antes mesmo do lançamento do segundo álbum, em 2018, o som do Jungle foi parte da trilha sonora do FIFA 15, da série Brooklyn Nine-Nine, e também foi atração de grandes festivais, como o Glastonburry, Coachella e Primavera Sound. Em 2015 eles até fizeram dois shows por aqui, no Rio e em São Paulo.

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“Conforme o tempo passa, o melhor que nós podemos fazer enquanto sociedade é nos unir e fazer com que as pessoas se sintam mais aceitas. Não podemos nos autoalienar, achando que não nos encaixamos e que os outros são melhores do que nós”, diz Josh, o mais tímido dos dois, relembrando o início da carreira. “No começo, tentávamos copiar outras pessoas, outros estilos. Até que começamos a fazer um som mais honesto, que nos parecia mais legal e mais fresco.”

Nesse papo de “ser você mesmo”, Josh, o mais calado dos dois amigos, entrou na conversa, lembrando do teste que o Instagram está fazendo para esconder os likes das publicações. “Talvez isso seja legal, porque as pessoas vão parar de buscar validação externa, criando um conteúdo mais original e honesto”, analisa ele. “É por isso que existe a expressão ‘dance like if nobody’s watching’ (dance como se ninguém estivesse te vendo, em português), porque é quando ninguém está vendo que você se expressa da maneira mais verdadeira – e não como você gostaria que as pessoas te vissem.”

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E foi exatamente isso que os irmãos e seus amigos fizeram no palco do Cine Joia, horas depois da nossa conversa. Apesar de terem começado o show um pouco contidos, eles não demoraram a contagiar o público, que de repente estava pulando e dançando com a mesma energia dos bailarinos dos clipes. “Pra gente, ver toda essa energia com a nossa música é a melhor recompensa que poderíamos ter”, comemora Tom. “É isso que nós procuramos em todas as plateias, em todos os shows!”

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