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Livro feminista que gerou discussão na Coreia do Sul é lançado no Brasil

‘Kim Jiyoung, nascida em 1982’ gerou onda de protestos e ataques na Coreia falar de gênero e violência machista.

Por Gustavo Balducci 26 mar 2022, 08h00

Assim como Parasita, vencedor do Oscar de melhor filme em 2020, e Round 6, a série mais assistida da história da Netflix, o livro Kim Jiyoung, nascida em 1982, escrito por Cho Nam-Joo, tem tudo para se tornar um grande marco da cultura coreana. Isso porque a obra feminista conseguiu provocar discussões importantes sobre a desigualdade de gênero na Coreia do Sul e já foi traduzida para 18 idiomas, além de vender mais de 1 milhão de cópias pelo mundo.

Lançado este mês no Brasil pela editora Intrínseca, o livro segue Kim Jiyoung, de 33 anos, que vive com o marido e a filha em um pequeno apartamento nos arredores de Seul. Após abandonar o emprego para cuidar da filha recém nascida (uma atitude comum esperada pela sociedade coreana), ela passa a agir de maneira estranha, frustrada com a situação, personificando vozes de outras mulheres, vivas ou mortas, que de alguma forma fizeram parte de sua vida. Esse comportamento começa a preocupar o marido, que a encaminha para um psiquiatra.

É durante as sessões de terapia que vamos conhecer a trajetória de luta contra o machismo vivida pela protagonista desde a infância. Do seu nascimento em um período onde era comum abortar meninas por influência da política de controle de natalidade, seu crescimento sem privilégios ao lado de um irmão mimado, até sua vida adulta nos ambientes de trabalho cercada por assédio e agressão.

A autora, que é feminista, se inspirou na própria experiência como uma mulher que teve que largar o trabalho para se tornar dona de casa depois do nascimento do filho.

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Barulho no k-pop

Desde o seu lançamento em 2016, o livro passou a chamar atenção de vários artistas de k-pop. Entre os leitores, Irene, uma das integrantes do grupo Red Velvet, enfrentou críticas de fãs homens após ter revelado em uma entrevista que leu Kim Jiyoung, nascida em 1982, e gostou. Na época, outros homens também compartilharam imagens nas redes sociais queimando fotos da cantora em protesto e disseram estar irritados com a leitura.

A tentativa de boicote, no entanto, não funcionou, impulsionando ainda mais o sucesso da obra, que conquistou outros admiradores importantes, incluindo RM, do BTS, e Sooyoung, do Girls’ Generation. Os três artistas que falaram abertamente sobre o livro até foram homenageados com citações no prefácio da edição canadense, publicada em 2020.

Adaptação para o cinema

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Em 2019, o livro foi transformado em filme por Kim Do Young, sendo estrelado por Jung Yumi que também sofreu ataques machistas por ter aceitado interpretar a protagonista e pelo ator Gong Yoo (Goblin). Embora tenha sido muito elogiado pela crítica, o longa não foi bem recebido por grupos considerados antifeministas, que chegaram a fazer petições online contra o projeto, pedindo ao presidente da época para proibir sua exibição nos cinemas. No ano passado, Kim Jiyoung, nascida em 1982 foi exibido no Brasil durante a 10ª Mostra de Cinema Coreano.

Assista ao trailer:

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