Já viram “Cloverfield” nos cinemas?
Pense num filme inteiro filmado com sua câmera digital: as tremidas, as balançadas, as desfocadas. Isso é Cloverfield.
Todo mundo tem câmera digital. Se não tem, tem câmera no celular. Se não tem, tem a câmera do computador. Se não tem, tem amigo, amiga, namo, paquera que tem. Tudo hoje em dia é filmado, vira vídeo e (pior?) é assistido. Seja o vídeo da menina do BBB passando mal no quarto e fazendo coisas que só se deve fazer trancada num banheiro ou da Britney Spears dando guardachuvada em fotógrafo. Seja qual for a situação, quase nada atualmente escapa de uma câmera e depois de uma sessão na internet.
Já li por aí que vivemos uma era gozada, essa da modernidade. Primeiro filmamos os acontecimentos. Depois, sentimos a emoção de vivê-los. Tipo ir a um show. Primeiro queremos gravar bonitinha a música predileta. Aí, em vez de nos emocionarmos com ela, nossa preocupação é ver se está sendo gravada no melhor ângulo, com o som bom. Repare. Estou falando tudo isso por causa de um filme de… monstro. Ele é bem bacana e está estreando nos cinemas daqui. Chama “Cloverfield – Monstro”.
Cloverfield é filmado pela câmera digital de um personagem do filme
O filme se passa em Nova York e começa com uma festinha surpresa em um apartamento, pois é despedida do Rob (Michael Stahl-David), que vai morar no Japão. O melhor amigo do Rob, o Hud (T.J. Miller), tem a missão de gravar toda a festa numa câmera para que lá, no Japão, o Rob se lembre dos amigos e tal. Acontece que a festa é interrompida porque o mundo está acabando.
Um monstro aparece do nada e começa a destruir Nova York. No desespero, a galera da festa tenta fugir da cidade. E o Hud decide não desligar a câmera. Entre um prédio caindo, um monstro atacando e os amigos tentando sobreviver a tudo, lá vai o Hudson filmando. A sacada do filme é que não há câmeras filmando o Hud filmando. Tudo o que se vê na produção é pela câmera de Hud.
Pense num filme inteiro filmado com sua câmera digital. As tremidas, as balançadas, as desfocadas. Isso é Cloverfield. Gente séria nos EUA acha que o filme é a representação desta época tecnológica. Dizem que a vida moderna dos celulares e iPods leva as pessoas a ligarem suas câmeras mesmo diante das piores situações. Na próxima coluna, talvez eu fale sobre um novo filme chamado [Rec]. Isso mesmo, rec, de gravar.
“Cloverfield” já está em exibição nas salas de cinema do Brasil. Confira aqui o trailer .