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Viajando com a internet

Renata, Luciana e Carolina fizeram grandes viagens graças aos Hospitality Services, sites onde pessoas formam comunidades de turistas e pessoas dispostas a recebê-los. Conheça as histórias delas, os sites e se inspire para viajar também!

Por Da Redação Atualizado em 24 ago 2016, 23h51 - Publicado em 17 dez 2015, 19h15

Malabares e barbies

Renata Cruz, 23 anos, estagiária aqui da Capricho, começou a surfar sofás em 2005, quando morava em Londres. Um amigo seu que estava em Gênova foi lhe visitar, e falou sobre o site, contando que já tinha viajado toda a Europa graças a ele. Com este amigo, estreou no método em uma viagem para Roma, onde pôde experimentar um verdadeiro almoço italiano em família.

Uma das boas experiências que a Renata conta foi de sua ida para Brighton, com seu então namorado, pouco depois de conhecer o site. Interessada pela cidade praiana no sul da Inglaterra, ela ficou ainda mais empolgada ao ver o perfil de Robin, um mágico que morava em uma antiga mansão vitoriana de frente para a praia.

Com ele, que ganha a vida fazendo mágica e apresentando programas infantis, ela aprendeu a fazer malabares e teve a oportunidade de conhecer algo que não está em nenhum guia de turismo: uma “car boot sale”, espécie de feira onde as pessoas colocam à venda todas as quinquilharias que conseguem enfiar no porta-malas de seus carros.

“É um barato, algo muito específico da cultura local e que eu JAMAIS conheceria se estivesse me hospedando num albergue”, conta a Renata.

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Se ela comprou alguma coisa? “Uma câmera polaroid por 3 libras e dez barbies por 1 libra”!

Verão de 14ºC!

Luciana von Tol, 21 anos, estudante, começou a ocupar camas e sofás alheios no início deste ano. Depois de passar um ano morando em Londres, em março desse ano ela saiu a mochilar pela Europa. A dica do Couchsurfing ela pegou em um guia turístico, e rapidinho já se cadastrou nele e no Hospitality Club. De março a até o comecinho de julho, ela passou por países como França, Inglaterra, Itália, Holanda, Espanha, Suíça, Áustria, Grécia, Luxemburgo, Irlanda, Escócia, Suécia, Alemanha, República Tcheca, Bélgica, Croácia e Hungria, sempre se aproveitando de amigos feitos pelos sites. Para ela, a oportunidade de ficar na casa de pessoas que moram e vivem nas cidades é incomparável.

“Em Istanbul, os albergues eram relativamente baratos e bem no centro de todas as ‘atrações turísticas’. Acabei ficando com preguiça de ir surfar um sofá um pouco mais longe. Mas agora nem tenho coragem de dizer que fui à Turquia. Poxa, não conheci uma casa turca, uma familia turca, não me sentei à mesa com turcos, mal conversei com turcos”, explica. Ela lembra, também, que poder ficar na casa de alguém pode significar uma grande economia naquelas pequenas coisas que são triviais para quem mora no local, mas que pode pesar no orçamento do turista, como acessar a internet, lavar roupas ou fazer comidas.

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E que tal comemorar o solstício de verão em uma casa de praia na Suécia, com direito a cair na água com o frio do verão sueco? Segundo a Luciana, não fosse seu anfitrião em Estocolmo, ela não teria tido esta oportunidade. “Eu ia passar só alguns dias em Estocolmo, mas descobri que no fim de semana eles comemorariam o solstício de verão em uma praia, e acabaram me convidando. Eles fazem um almoço lá especial, ligam pra todos os amigos pra desejar um ‘happy midsummer day’ (algo como “feliz dia do meio do verão), bem interessante. Devia estar uns 14 graus, o maior frio, mas eles não deixaram de aproveitar o solzinho que fez e pular na água no dia mais longo do ano”, conta.

Salvas pela Dona Dalva

Carolina Sbaile, 19 anos, estudante, também descobriu o Couch Surfing lendo um guia turístico que comprou para uma viagem que fez a Madrid, em meados de 2005. Mochilou por 10 países e parou na casa de outros “surfistas” em quatro deles: Inglaterra, Itália, França e Holanda. Na Itália, ela e uma amiga ficaram na casa de dois engenheiros com quem fizeram daquelas amizades que dão saudade no verão. Tanto assim que eles vieram visitá-las agora no fim do ano.

Será um revéillon bem diferente do de 2005, quando ela inventou de ir para Haia. Isso, aquela cidade da Holanda que não é a capital federal, mas onde fica a sede de todo o governo, as embaixadas e todas essas coisas que costumam ficar na capital. Ela e sua amiga Malu estavam em Paris e queriam ir para Amsterdam – essa, sim, a capital -, mas os albergues estavam todos lotados. Foi quando ela lembrou de um amigo que havia feito pelo Couchsurfing e que morava em Haia ou, como se diz por lá, Den Haag.

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Por essas coisas que acontecem em viagens planejadas de última hora, as duas se viram sozinhas em Haia às 9h da manhã, tendo que esperar até as 19h para que o seu amigo saísse do trabalho e as buscasse. Com fome e o pouco dinheiro característico de mochileiros, ainda tiveram que encarar uma tempestade de neve. Foi quando foram salvas pela Dona Dalva. Quem?

“A Dona Dalva era brasileira. Carioca. Coroa. Falava pelos cotovelos. A Dona Dalva era um poço de piedade e a Dona Dalva trabalhava para um casal rico de Den Haag que estava passando férias em Madri”, explica a Carolina.

Pois a Dona Dalva foi a salvação da lavoura. Levou as duas para a casa, entupiu-as de comida de verdade a ainda lhes encheu de recomendações na hora em que o amigo – que, afinal de contas, nunca tinham visto na vida – apareceu para levá-las ao seu sofá. Fosse ele um estuprador, era para elas ligarem para a Dona Dalva. Mas não foi necessário e elas passaram, enfim, um revéillon em Haia.

Eles te levam longe…

Hospitality Club

www.hospitalityclub.org

Fundado em 2000 pelo alemão Veit Kühne, é o maior site do tipo que existe hoje, com mais de 200 mil usuários cadastrados. Sem uma organização formal, é mantido graças ao trabalho de centenas de voluntários mundo afora e do lucro obtido por propagandas eletrônicas no site. Embora tenha uma estrutura semelhante a uma rede de relacionamentos, com perfis de usuários, testemunhos e grupos de interesse (tudo isso em mais de 30 línguas), sua ênfase é em servir apenas como um meio para que as pessoas tenham onde se hospedar mundo afora, e possam se conhecer na vida real.

CouchSurfing

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www.couchsurfing.com

Já passa dos 140 mil usuários, muitos dos quais também fazem parte do Hospitality Club. Seu perfil é mais focado na interação de seus usuários, mesmo que apenas virtualmente, de onde também surge sua maior fraqueza: algumas pessoas o utilizam para procurar namoradas(os), o que foge à sua proposta original e pode, eventualmente, resultar em expulsão da comunidade. No início do ano, seus servidores sofreram uma pane geral e os responsáveis pelo CouchSurfing chegaram a anunciar o fim do serviço. Mas os usuários se uniram, arrecadando doações e oferecendo ajuda técnica, e o site acabou ressuscitando, agora em versão 2.0.

Servas Portas Abertas

brazil.servas.org

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É a mais antiga e mais respeitada rede de hospitalidade do mundo, fundada em 1949. É uma Organização Não-Governamental (ONG), com escritórios em mais de 125 países e status de consultora do Conselho Econômico e Social (Econosc) das Nações Unidas. Sua missão oficial é de incentivar a paz no mundo (“servas”, em esperanto, quer dizer “nós servimos” [a paz]), levando as pessoas a conhecerem e melhor entenderem diferentes culturas. Como se pode imaginar, sua estrutura é bem mais formal do que de suas herdeiras modernas: é preciso confirmar dados pessoais para o cadastramento, há uma separação bem estabelecida entre quem hospeda e quem irá se hospedar, e é preciso pagar taxas para utilizar o serviço. A organização centralizada e o sistema de cadastro, no entanto, tornam o serviço mais seguro, e sua enorme estrutura abriga uma série de serviços de educação, guias, e fóruns de discussões.

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