Quem são os ‘trad sons’ e o que nos revelam sobre os homens jovens de hoje

O movimento, que tem ganhado força nos Estados Unidos, revela o aumento de homens voltando a morar com os pais em busca de segurança em vários sentidos

Por Juliana Morales 8 dez 2025, 18h35
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epois do movimento tradwife, em que mulheres, inspiradas nos anos 50, compartilham a ideia de ser uma esposa tradicional, dedicada à casa e aos filhos, e que precisa sempre agradar o marido, agora, uma nova tendência tem chamado atenção nas redes: os ‘trad sons’, ou ‘filhos tradicionais’, em português.

Se antes o maior desejo dos jovens era crescer e trabalhar fora, para ganhar dinheiro, sair da casa dos pais e conquistar a autonomia, hoje, parte deles quer o contrário disso. O termo ‘trad son’, que ganhou popularidade nos Estados Unidos, nomeia justamente esses jovens de 20 a 30 anos que voltam a morar com os pais, muitas vezes sem trabalhar em tempo integral ou contribuir financeiramente, e que assumem as responsabilidades domésticas – em troca do conforto e praticidade.

Essa tendência divide opiniões no TikTok e no Reddit, onde ganhou mais força. Enquanto os defensores olham para o lado positivo desse movimento desafiar normas de gênero ultrapassadas (do homem ser o  provedor e a mulher cuidar da casa, por exemplo), outro grupo crítico à ideia questiona o impacto desse estilo de vida para o crescimento pessoal dos jovens.

Segundo uma análise publicada por Rohan Shah, professor de economia da Universidade do Mississippi, cerca de 1,5 milhão de adultos com menos de 35 anos a mais vivem com os pais hoje em dia do que há uma década — um aumento de 6,3%.

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Em entrevista sobre o tema ao New York Post, Kathryn Smerling, terapeuta familiar do Upper East Side, analisou que “a tendência do trad son não é consequência da criação com apego. Ela acredita que  o movimento de dependência dos pais é um efeito de uma sociedade conturbada, assolada por conflitos sociais, um mercado de trabalho instável, inflação e uma crise imobiliária persistente”.

“Há muita inquietação entre os homens na faixa dos 20 e 30 anos hoje em dia. Há muita insegurança e instabilidade. A maioria dos jovens ainda não se encontrou de verdade. Para alguns, estar em casa é reconfortante. Eles se sentem seguros e protegidos com os pais em um mundo tão conflituoso”, explicou.

‘A crise dos homens jovens’

Estudiosos como Scott Galloway, da Universidade de Nova York, apontam a existência de uma “crise dos homens jovens”, que fica evidente em dados preocupantes nos Estados Unidos. Como ele destaca em entrevista à BBC, os garotos têm quatro vezes mais probabilidade de se matarem. Três vezes mais probabilidade de contraírem dependência, 12 vezes mais probabilidade de serem presos, além dos níveis recorde de depressão. 

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Enquanto as mulheres estão se dedicando mais as suas carreiras profissionais, conseguindo salários maiores, e aprendendo a lidar com a solidão, canalizando a energia amorosa para suas amizades (o que é ótimo e não há problema nenhum), os homens, segundo o especialista, estão enfrentando dificuldades para enfrentar os desafios nas diferentes esferas. “Estamos diante de uma geração de homens jovens inviáveis econômica e emocionalmente”, analisou Galloway, que é consultor do Partido Democrata americano sobre comunicação com homens adultos e meninos.

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