O que são os CAPS, instituições do SUS que viraram meme nas redes?

Neste Dia Nacional da Luta Antimanicomial, é preciso entender como os CAPS funcionam e o que está por trás das piadas sobre saúde mental

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 15h48 - Publicado em 18 Maio 2024, 17h11
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iadas sobre loucura fazendo referência ao CAPS viraram meme nas redes sociais. Mas poucas pessoas sabem o que a sigla significa de fato e quanto esse tipo de “brincadeira” pode reforçar estigmas sobre saúde mental. Neste 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, vale esclarecer alguns pontos importantes sobre o tema.

CAPS é a forma reduzida de chamar os Centros de Atenção Psicossocial. Ligadas ao SUS (Sistema Único de Saúde), essas instituições oferecem atendimento a pessoas com sofrimento mental grave, incluindo aquelas que enfrentam problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas – seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. A assistência é realizada por uma equipe diversificada, formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, terapeutas, entre outros especialistas.

Os CAPS oferecem serviços de saúde abertos para a comunidade. Ou seja, não há a necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento para ser atendido no serviço. Os pacientes são acolhidos inicialmente e passam por uma avaliação da equipe. As atividades podem ser coletivas, como grupos de usuários, ou individuais, e o tratamento envolve os profissionais, o  usuário e a família.

Os diferentes tipos de CAPS

Como explica a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, existem diferentes modalidades do CAPS, sendo elas:

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  • CAPS I: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam sofrimento mental grave e persistente, incluindo aquele decorrente do uso nocivo e dependência de álcool e outras drogas.
  • CAPS II: atende pessoas maiores de 18 anos que apresentam sofrimento mental grave e persistente.
  • CAPS III: atende pessoas maiores de 18 anos que apresentam sofrimento mental grave e persistente. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, e acolhimento noturno.
  • CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam sofrimento mental grave e persistente, até 18 anos, incluindo aquele relacionado ao uso de álcool e outras drogas, até 16 anos.
  • CAPS AD: atende pessoas maiores de 16 anos que apresentam sofrimento mental grave e persistente decorrente do uso nocivo e dependência de álcool e outras drogas.
  • CAPS AD III Álcool e Drogas: atende pessoas maiores de 16 anos que apresentam sofrimento mental grave e persistente decorrente do uso nocivo e dependência de álcool e outras drogas. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, e acolhimento noturno.

Como o CAPS surgiu?

O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, em São Paulo. Como explica documento do Ministério da Saúde, sua criação “fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais”.

Para entender o quão precária era a situação, vale conhecer o evento que é conhecido como “Holocausto Brasileiro” e foi retratado em um livro da jornalista Daniela Arbex e em um documentário com esse mesmo nome na Netflix. Ele diz respeito ao hospital psiquiátrico de Barbacena, onde muitas pessoas foram expostas a condições sub-humanas e tratamentos invasivos e foram mortas. Mais de 70% dos pacientes não sofriam com nenhuma doença ou transtorno.

Os CAPS se tornaram, então, uma das principais estratégias do processo de reforma psiquiátrica. Com o princípio de  a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar e sua autonomia, esse modelo de tratamento vai contra a lógica de exclusão das pessoas em hospitais manicomiais.

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A luta do movimento antimanicomial é, justamente, combater a ideia preconceituosa de que pessoas com sofrimento mental devem ser isoladas. Todo mundo tem o direito de ser livre e conviver em sociedade, recebendo o tratamento e os cuidados necessários para isso. Por isso, memes e piadas envolvendo espaços de atendimento à saúde mental, como os CAPS, podem reforçar estigmas e preconceitos antigos. Bora pensar mais sobre isso?

 

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