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Na Síria, garotas são obrigadas a fazer sexo em troca de comida

'Em nome de organizações beneficentes', eles cometem mais um tipo de horror. #PrayForSyria

Por Amanda Oliveira Atualizado em 3 mar 2018, 18h43 - Publicado em 3 mar 2018, 18h43

O que podemos fazer? Essa é uma pergunta que se passa com bastante frequência na cabeça das pessoas que se depararam com vídeos mostrando o terror que está acontecendo na Síria há anos. Guerra, bombas, mortes, desespero, fome e mulheres sendo exploradas sexualmente em troca de ajuda. De acordo com a BBC, alguns homens responsáveis por entregar comida e itens de higiene pessoal só oferecem ajuda se receberem serviços sexuais das vitimas. A primeira denúncia foi feita em 2015, mas a exploração foi ignorada. Nada foi feito desde então.

Os casos de exploração foram reunidos no “Vozes da Síria 2018”, uma análise realizada pelo Fundo de População da ONU (FPNU). Além de os homens exigirem serviços sexuais em troca dos alimentos, outros também pedem números de telefone e até levam mulheres e meninas para a casa deles, para ter o tal “retorno”. Outros exemplos de exploração são casos de mulheres que foram obrigadas a se casar com os funcionários das organizações beneficentes por um período curto de tempo, para seguirem recebendo comida. De acordo com o documento, viúvas e divorciadas são “os alvos mais fáceis”.

Um funcionário humanitário relatou que algumas agências ignoram os casos porque o uso de empregados locais é a única forma de garantir que a ajuda chegue aos locais mais perigosos da Síria, onde os abusos estão acontecendo.

Este tipo de exploração sexual acontece há, pelo menos, três anos. iStock/Reprodução

Em entrevista à rede BBC, Danielle Spencer, assessora humanitária que trabalhou para uma das entidades beneficentes, relatou que ouviu denúncias de mulheres sírias em um campo de refugiados na Jordânia, em março de 2015. Os homens citados são de câmaras municipais locais que atuam em áreas como Dara’a e Quneitra. No mesmo ano e na mesma região, o Comitê Internacional de Resgate fez uma pesquisa com cerca de 190 mulheres e meninas. O resultado foi que 40% delas admitiu ter sofrido alguma violência sexual quando tentou acessar a ajuda humanitária.

A situação se agravou tanto que muitas mulheres sírias começaram a se recusar a comparecer nos centros de distribuição de alimentos por medo e insegurança. “Eu lembro de ver uma mulher chorando em um quarto, muito triste pelo o que havia vivido. Mulheres e meninas precisam ser protegidas quando estão tentando receber alimentos, sabão e artigos básicos para sobreviver. A última coisa que elas querem é um homem“, Danielle garante.

O machismo no Oriente Médio é extremamente enraizado e, além de toda dor de perderem familiares e passarem fome por causa da guerra, que não parece ter fim, sírias precisam conviver diariamente com o medo de serem estupradas, seja por policiais de tropas inimigas, durante invasões, seja por soldados que, supostamente, estão ali para ajudar.

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