Mulher agredida no RJ deixa de fazer corpo delito por motivo revoltante

Vítima de espancamento no 1º encontro não conseguiu realizar os exames por culpa do IML, que é subordinado à Superintendência da Polícia Técnico-Científica.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 02h26 - Publicado em 1 mar 2019, 11h00

Na última quinta-feira, 28, Elaine Caparróz, de 55 anos, que foi agredida durante quatro horas no primeiro encontro por Vinícius Serra, de 27, não conseguiu realizar os exames de corpo delito no Instituto Médico Legal da zona norte do Rio de Janeiro porque, simplesmente, nenhum equipamento estava funcionando.

Reprodução/Reprodução

A sorte, se é que podemos dizer isso, é que a paisagista levou consigo alguns exames que tinha feito anteriormente, logo após a agressão, que aconteceu no último dia 16, em seu apartamento na Barra da Tijuca. “Estou chocada, porque eu vim aqui fazer os exames e os aparelhos não funcionam“, disse a vítima de agressão em entrevista ao deixar o IML.

Elaine ainda contou que funcionários informaram para ela que, todos os dias, cerca de 30 mulheres comparecem ao local para fazer exames de corpo delito. As que não possuem nenhum exame já feito, como a paisagista, saem de mãos abanando e sem poder colher provas para fazer a denúncia. “Até o momento da hora em que cheguei, nove mulheres passaram por aqui por motivos de agressão física”, contou.

Além de revoltante, é inadmissível que uma coisa como essa aconteça. Se Elaine Caparróz, cujo caso está sendo acompanhado pela mídia, não tivesse ido realizar exames de corpo delito, talvez nunca teria sido descoberto que os equipamentos dessa unidade do IML não funcionam. Há quanto tempo eles estão assim? Quantas mais unidades do Instituto Médico Legal não conseguem atender vítimas de agressão por falta de aparelhos? Quantas mulheres já não foram lesadas pelo Estado? Do que vale incentivar campanhas de denúncia se essas mulheres não recebem o mínimo de suporte necessário? E quem está chegando aí? Isso mesmo, o Dia Internacional da Mulher. É assim que somos tratadas. Que tristeza, que descaso.

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