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Jogadora denuncia Barcelona por assédio psicológico em carta aberta

Gio Queiroz, de 18 anos, escreveu ao presidente do clube espanhol: "Foram situações humilhantes e vergonhosas"

Por Bruna Nunes Atualizado em 30 mar 2022, 15h55 - Publicado em 30 mar 2022, 15h30

A jogadora Gio Queiroz tem apenas 18 anos e já é promessa no futebol feminino! Nesta terça (29), a atacante publicou uma carta aberta ao Presidente do FC Barcelona, denunciando assédio e pressão psicológica para que ela não defendesse a seleção brasileira. Atualmente, ela joga no Levante, clube da primeira divisão espanhola, emprestado do Barcelona.

A atleta, que tem nacionalidade espanhola e brasileira, decidiu jogar pelo Brasil e, em carta aberta escrita em espanhol, desabafa e denuncia o assédio moral que sofreu por sua escolha.

Selfie da jogadora Gio Queiroz segurando um prêmio em formato de bola de ouro.
@gio9queiroz/Instagram

“Estimado presidente, não foi fácil chegar a esse ponto. Foram muitos meses de angústia e sofrimento. E, apesar de tudo o que eu passei, me sinto capaz de denunciar as condutas abusivas que sofri dentro do futebol feminino do Barcelona. Cheguei ao clube em julho de 2020, com apenas 17 anos. Os primeiros meses foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica até que eu recebi a primeira convocação para a seleção brasileira. A partir desse momento, comecei a receber um tratamento diferente dentro do clube”, começa Gio na carta.

“Primeiro, recebi indicações de que jogar com a seleção brasileira não seria o melhor para o meu futuro dentro do clube. Apesar de ser desagradável, não dei muita importância e atenção ao assunto. Com o tempo, eles usaram outros mecanismos para me pressionar dentro e fora do clube. Estavam me encurralando para que eu renunciasse defender a seleção. Usaram métodos arbitrários com claro objetivo de prejudicar minha vida profissional”, continua. 

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Ainda no documento, a atleta conta uma situação em que foi acusada, injustamente, de indisciplina nas medidas de segurança da pandemia. 

“Me acusaram injustamente de haver descumprido o confinamento, de ter viajado sem autorização do clube e consentimentos das capitãs da equipe. Tentei mostrar que isso não era certo. Entrei em pânico. Temi pelo meu futuro. Participei das campanhas da Fundação Barça para a aprovação da lei de proteção de menores contra a violência e, ao mesmo tempo, dentro do clube, estava totalmente desprotegida. A partir desse momento, minha vida mudou para sempre. Estive complemente exposta a situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube.”

Quando entrou no clube, tinha apenas 17 anos, mas, aparentemente, sua pouca idade não foi impedimento para as agressões morais.”Foram situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube. Ficou claro que ele queria destruir minha reputação, minar minha autoestima, degradar minhas condições de trabalho e subestimar minhas condições psicológicas. O fato de ser menor não parece ter sido um impedimento, um dilema moral para meu agressor. Certamente ele agiu com o sentimento de impunidade, que teve a proteção de sua posição dentro do Barcelona”, relatou.

Em seu posicionamento, Gio Queiroz declara que, ao tornar o caso público, espera estimular outras jogadoras a denunciarem quando sofrerem com esse tipo de situação. Além disso, direciona a denúncia para o presidente do clube, Joan Laporta, mas também aguarda um posicionamento do time. 

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