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Jessica Watson viajou o mundo a bordo de um barco aos 16 anos

A australiana Jessica Watson passou 210 dias velejando - e tinha só 16 anos de idade!

Por Isadora Attab Atualizado em 17 ago 2016, 15h59 - Publicado em 8 abr 2015, 18h20

“Tinha 8 anos quando comecei a velejar, ainda morrendo de medo de água! Nessa época, meus pais se tornaram sócios de um clube de vela em Varsity Lake, onde eu e meus irmãos passamos a fazer aulas. Eles adoravam, já eu…

Foi aos 11, quando minha mãe leu para mim Lionheart, o livro de Jesse Martin – ele navegou pelo mundo com apenas 14 anos -, que vi que velejar poderia ser realmente incrível. À medida que ela contava as aventuras dele, eu pensava: também quero fazer isso!”

Caindo no mar

“Ninguém dava muita bola à minha ideia. Então, procurei outro velejador, Don McIntyre, e consegui convencê-lo de que poderia fazer aquilo. Ele me emprestou seu barco.

Quando meus pais perceberam que era um plano de verdade, me apoiaram na preparação. Foram três anos de cursos de segurança, primeiros socorros e treinamentos teóricos. Tinha que saber tudo sobre o barco, da vela ao motor! Também velejei cerca de 10 mil milhas náuticas – é como ir do Brasil ao Japão!

Até que chegou o dia. Eu tinha 15 anos e seria a menina mais jovem a realizar uma volta ao mundo. Partiria do porto de Sidney, cruzando os oceanos Pacífico, Atlântico e Índico e três continentes: Oceania, América do Sul e África. Só então voltaria.”

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Sem bad trip

“Meu objetivo era velejar 23 mil milhas náuticas (42 596 quilômetros) sem paradas e sem ajuda. Era uma grande aventura, então enchi o barco com um monte de comida congelada, equipamentos de segurança, um celular com conexão via satélite e o notebook de bateria solar.

O combinado era falar todos os dias com meus pais. Foi ótimo porque matava um pouco da saudade. Também concordei em estudar à distância – mas confesso que não estudei tanto quanto deveria!

É que, pode não parecer, mas o dia a dia no mar é bem atarefado. Além da manutenção do barco, eu preparava a comida – só pesquei um peixe a viagem inteira, sou péssima! -, lavava as minhas roupas (no mar!), arrumava tudo… Era bem parecido com morar sozinha. Raramente ficava entediada, pois, quando não estava ocupada, ouvia música e lia muito.

Nada disso me impediu de ter outra ideia: escrever um livro! Foi assim que surgiu o True Spirit, hoje um dos mais vendidos na Austrália. Foi muito bom registrar todos esses momentos, tanto ali quanto no meu blog. Recebi mensagens de todo o mundo me encorajando! Em alto mar, me sentia emocionada, com as cores lindas, as ondas… Foi mágico!

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Mas, claro, teve momentos difíceis, já que velejei em alguns dos lugares mais desafiadores do mundo. Meu maior medo era atravessar o famoso cabo Horn, na Terra do Fogo, no Chile. Ele é conhecido pelos velejadores como “o Everest dos mares”: muitos barcos já viraram naquele lugar. Acho que dei sorte, pois, o bom tempo me ajudou a passar por lá tranquilamente.

Em outros lugares, não foi bem assim: foram muitas tempestades, a pior delas perto da Antártida, onde há muitos raios. Foi assustador! Meu barco quase virou quatro vezes – é o que chamamos de “knockdown”, quando o mastro fica na horizontal. Tive que ter muita força para conseguir reverter a situação e precisei costurar a vela do barco. Quando tudo passou, percebi que os meses no mar me deram mais do que habilidade. Também conquistei a estrutura psicológica para superar momentos difíceis na vida.

Para ser mais exata, foram 210 dias velejando sozinha. Nunca pensei em desistir e voltar para casa. Sabia que seria capaz de terminar aquilo. Eu havia me preparado para aquelas situações.

Eu só não tinha me preparado para as proporções que a minha viagem ganharia. A chegada foi surreal, meu barco seguido por um grupo enorme de golfinhos. Depois, vi meus pais, amigos, gente que eu não conhecia me esperando!

Hoje, dois anos depois, posso dizer que a viagem me rendeu frutos muito legais: além do livro e um documentário, minha história vai virar filme em 2014. Por isso, eu digo: a gente tem que acreditar e sonhar sempre. E sonhar grande.”

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