Delegada diz que ‘estupro está provado’ e vítima afirma: ‘Tentaram me incriminar’

'Me conta aí!', teria dito delegado para vítima de estupro coletivo no Rio.

Por Isabella Otto Atualizado em 1 nov 2024, 13h30 - Publicado em 30 Maio 2016, 16h46

No último dia 21, uma barbaridade aconteceu no Morro São João, em Praça Seca, comunidade localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Uma garota de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo. Enquanto estava claramente dopada, 33 homens abusaram sexualmente da jovem, tiraram fotos e filmaram o crime, que depois foi publicado nas redes sociais. O caso começou, então, a ser investigados e os suspeitos, que têm entre 18 e 41 anos, caçados.

Os primeiros exames após o crime foram feitos no IML de um hospital carioca, no dia 26. O laudo apontou que a demora da jovem em acionar a polícia e fazer o corpo delito foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência no caso. Como se o simples fato de ela ter sido abusada por mais de trinta homens já não fosse um ato violento. O Chefe da Polícia Civil, entretanto, se pronunciou sobre o assunto: “Não foram colhidos indícios de violência, o que não quer dizer que ela não aconteceu”, explica.

Na sequência, mais fatos contribuíram para que a investigação do caso se tornasse ainda mais turbulenta. A vítima afirmou que se sentiu desrespeitada por todos os presentes (todos homens) na sala quando relatou o crime. “O próprio delegado me culpou. Quando fui à delegacia, não me senti à vontade em nenhum momento. Eu acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias. Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa por ser estuprada”. Por causa disso, Eloísa Samy, advogada da vítima, pediu à promotoria do Rio o afastamento de Alessando Thiers, delegado que estava tocando o caso. Cristina Bento, Titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, assumiu as investigações.

Os seis suspeitos temporariamente detidos pelo caso de estupro coletivo no Rio. (Divulgação: Polícia Civil)

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Em entrevista coletiva que rolou na tarde desta segunda-feira, 30, a delegada fez uma afirmação que já mudou totalmente o rumo da história – que, mais uma vez, assustadoramente, estava caminhando para um fim injusto. “A minha convicção é a de que houve estupro. Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão desse estupro, quantas pessoas praticaram esse crime”, relata. 

Cristina Bento ainda justificou o pedido de prisão temporária de seus suspeitos envolvidos no crime, que estava sendo questionado por muitos. “O vídeo prova abuso, além do depoimento da vítima”, afirma. Em entrevista à repórter Renata Ceribelli, que foi ao ar no Fantástico, no último domingo, 29, a adolescente de 16 lamenta o fato de que tentaram a incriminar pelo crime e que algumas pessoas ainda insistem em colocar a culpa nela. “Falaram que eu era piranaha, vagabunda(…) Tem pessoas defendendo. Falando que eu estou mentindo. Que a minha versão é mentirosa. Sendo que tem um vídeo para provar(…) Não interessa se eu estava com roupa curta ou longa, não interesse o lugar em que eu estava e hora que era(…) Eu desejo esquecer essa história(…)”, afirma.

 

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