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Que tal ser cheerleader? Esporte vem crescendo muito no Brasil!

Rivalidade entre garotas? Que nada! Líderes de torcida no Brasil se apoiam em campeonatos que estão apenas crescendo!

Por Da Redação Atualizado em 21 Maio 2017, 12h59 - Publicado em 21 Maio 2017, 10h00

Por Manuela Tecchio

Pompons, megafone, palminhas sincronizadas. Se é apenas isso que passa pela sua mente quando você ouve a palavra “cheerleader”, saiba que você talvez tenha uma ideia errada desse esporte que cresce mais a cada ano no Brasil. Sim, eu disse esporte! A animação de torcida, apesar de envolver técnicas artísticas, é considerada uma modalidade esportiva de alto rendimento, sabia? Além de trabalhar coreografias, ela exige força, flexibilidade e muita concentração.

Em 2011, a UBC (União Brasileira de Cheerleading) criou um campeonato nacional para que as equipes brasileiras pudessem competir entre si. A partir daí, o esporte começou a ganhar visibilidade em nosso país e, especialmente nos últimos três anos, vem se popularizando no meio universitário. No estado do Paraná, o crescimento foi ainda mais impressionante que no resto do país: só no ano passado, surgiram 43 novas equipes (WOW!) e hoje existem 19 só na capital, Curitiba.

Que tal ser cheerleader? Esporte vem crescendo muito no Brasil!
A esportista líder de torcida Maria Eduarda Cheron (à esquerda) e as meninas do Xtremers no Campeonato Nacional da UBC (à direita). Reprodução/Reprodução

Maria Eduarda Cheron, ou Madu, como é chamada pelas colegas, é estudante de agronomia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Curitiba e membro da equipe Xtremers. Ela pratica o “cheer” há menos de um ano, mas já entendeu que ser cheerleader exige muita dedicação. No último ano, os Xtremers treinaram em média três vezes por semana. Quando o campeonato nacional se aproximou (do qual, aliás, eles saíram vice-campeões), o número pulou para cinco ou seis treinos de quatro horas!

Assim como quase toda líder de torcida, Madu já fez muitos sacrifícios para não perder os treinos: deixou de ir a formaturas, casamentos e até de passar feriados com a família. Gabriel Westfal, outro membro da equipe, também passou por isso. Ele conta que deixou até mesmo de comparecer à formatura do irmão em 2016 por conta de um treino pré-campeonato. E além de lidar com toda essa rotina, os cheerleaders também precisam aprender a encarar o preconceito.

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Apesar de já ser reconhecido como esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), no Brasil ainda não existe a liga profissional. Talvez seja por isso que, muitas vezes, quem pratica não é levado a sério como atleta, mesmo dentro de casa. “Já vi várias pessoas terminarem relacionamentos. É uma questão de estereótipo. A família, muitas vezes, vê a prática como um hobby que é passageiro, que é só uma modinha”, comenta Inaiê Santos, capitã e criadora da Xtremers.

Que tal ser cheerleader? Esporte vem crescendo muito no Brasil!
À esquerda, Inaiê Santos e Giany Ferreira, capitãs e fundadoras da equipe Xtremers (Foto: Renan Pechebea). À direita, Yasmin Martinelli, da equipe Helgas e Hagares. Reprodução/Reprodução

Com os meninos, a discriminação parece ser ainda maior. Gabriel conta que as pessoas fazem cara de espanto quando ele fala que pratica o “cheer”. Maria Fernanda Gusso, de 19 anos, explica que é muito difícil trazer novos meninos para o time. Ela já cansou de convidar amigos homens e receber sempre um “não” como resposta.

Por estar fora do eixo Rio-São Paulo, os cheerleaders de Curitiba ainda enfrentam dificuldades para conseguir treinadores. Eles, por exemplo, precisam administrar muito bem o dinheiro que arrecadam no semáforo para trazer o professor Márcio Tavares, do Rio de Janeiro, uma vez por mês para a capital paranaense.

Ah! E aquela rivalidade agressiva, que a gente vê em filmes como As Apimentadas, não existe na vida real. Na verdade, as equipes precisam se ajudar muito no aprendizado de novas técnicas e também na produção dos uniformes. Além disso, as meninas garantem que aquele padrão de garota loira, alta e magra também é coisa de cinema. “Muita gente pergunta quando vai se inscrever se não tem que ser magra. Não, nada a ver! Seu lugar no time depende de fatores como força e flexibilidade“, explica Ina.

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Reprodução/Reprodução

A responsável pelo design e montagem dos uniformes da maioria das equipes é a própria capitã. Ela se formou em Design de Moda no fim do ano passado – motivo pelo qual está deixando a equipe que ajudou a montar – e agora está criando sua própria marca de uniformes e acessórios especializados no esporte. Legal, né? Ela é uma das únicas pessoas que faz esse tipo de trabalho fora do Rio de Janeiro.

Parece impossível, mas as meninas juram que para ser líder de torcida só precisa ter boa vontade. Ina explica que não é difícil montar uma equipe do zero, se for necessário, e que o pessoal mais experiente está sempre disposto a ajudar, afinal “foi assim que a gente começou”, conta. Quando eu pergunto para a Yasmin Martinelli, membro da Helgas e Hagares — equipe da Universidade Federal do Paraná — qual é o segredo para quem quer começar, ela brinca: “Não tenha vergonha, vá com a cabeça aberta e leve uma pomada analgésica. Isso vale para meninas e meninos, hein?“.

 

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