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O que os professores pensam sobre a reforma do Ensino Médio?

A Medida Provisória, assinada pelo presidente Michel Temer, tem gerado muita discussão entre os estudantes

Por Marcela Bonafé Atualizado em 5 out 2016, 16h48 - Publicado em 5 out 2016, 15h59

Há cerca de duas semanas foi apresentada uma Medida Provisória, assinada pelo presidente Michel Temer, que prevê uma série de mudanças no Ensino Médio brasileiro. A medida tem gerado muita discussão e dividido opiniões, principalmente entre alunos. Mas o que será que as escolas têm pensado sobre isso? A CAPRICHO foi atrás de alguns profissionais da área da educação para saber os pontos que eles acharam positivos e negativos na possível nova Base Nacional Comum Curricular.

A mudança mais significativa da proposta é a flexibilização do currículo do ensino médio. Com ela, os alunos teriam, a partir do segundo ano, algumas disciplinas básicas, como matemática e língua portuguesa, e poderiam escolher as outras de acordo com a área de interesse: linguagens, exatas, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.

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Para o corpo docente da escola Dínamis, na Zona Sul do Rio de Janeiro, essa medida é enxergada como positiva. “Realizamos com muito mais eficácia aquilo que gostamos de fazer. Quando o aluno estuda com prazer, sua produção é bem maior“, justificam. Os responsáveis pela plataforma online Descomplica também são favoráveis, destacando que a escolha das matérias a serem estudadas aumentam a motivação dos alunos – e isso é importante, já que muitos deixam os estudos durante o ensino médio justamente por não se sentirem motivados.

“Acreditamos que a liberdade de escolha e a necessidade de tomada de decisão são o primeiro passo para uma cultura de maior autodeterminação”, completam. Enquanto isso, Hélcio Alvim, coordenador pedagógico do Ensino Médio do Colégio Mopi (na região central do Rio), aponta um aspecto que acredita ser bastante negativo: o fato dos conteúdos de arte, educação física, sociologia e filosofia deixarem de ser obrigatórios.

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“Tirando esse componente de criticidade, há uma redução do humano a termos muito restritos e isso nos preocupa fundamentalmente”, critica Hélcio. Ou seja, ele acredita que esses são conteúdos fundamentais para a formação dos estudantes como seres humanos pensantes e críticos, então deixá-los como opcionais não seria uma boa ideia.

O coordenador também se posiciona contra outro ponto polêmico. É fato que a maior parte do mercado de trabalho hoje exige que as pessoas saibam inglês. Mesmo assim, para ele, o ensino obrigatório da língua inglesa não deveria se sobrepor ao da língua espanhola, principalmente considerando a aproximação cultural cada vez maior dos países latino-americanos.

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Quanto ao horário integral de aulas (sete horas por dia), que também é proposto na Medida Provisória, a escola Dínamis, o Descomplica e o colégio Mopi demonstram apoio, mas fazem ressalvas. “A garantia da educação integral pode de fato ser transformadora, desde que o aumento das horas-aula permita o desenvolvimento pleno das potencialidades de cada estudante“, destaca a plataforma de ensino online.

O Descomplica ainda ressalta que, caso a mudança ocorra, é fundamental que o modelo de vestibular e outros sistemas de avaliação também sejam ajustados. Afinal, não dá para exigir de todo mundo conteúdos que são optativos, né?! Para completar, eles acreditam que para que toda essa transformação no ensino seja realmente proveitosa, é importante que sejam feitos mais investimentos na qualificação de professores.

E você, concorda com esses profissionais? O que pensa sobre as mudanças propostas pela Medida Provisória?

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