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Jovens negras (ainda) são as que mais morrem no Brasil

Levantamento realizado pelo Ipea destaca aumento da taxa de mortalidade das mulheres negras no país.

Por Isabella Otto Atualizado em 23 nov 2017, 14h58 - Publicado em 23 nov 2017, 14h58

Até o dia 5 de junho, quando o Atlas da Violência 2017 foi publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de vítimas do ataque no show de Ariana Grande em Manchester, interior da Inglaterra, no dia 22 de maio, era vinte e duas. A tragédia chocou a todos, pois além de ter sido um ato terrorista, foi um assassinato em massa em um local formado genuinamente por crianças. Contudo, você, brasileiro, precisa saber que no nosso país, em apenas três semanas, mais pessoas são assassinadas que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo.

Jovens negras são (ainda) as que mais morrem no Brasil
Reprodução/Reprodução

Fica difícil dormir sem medo com essa notícia, a gente sabe, mas informação é algo necessário. É ela que também explica os principais motivos da discrepância entre o local mais violento do Brasil, Altamira, e o menos violento, Santa Catarina. De acordo com o levantamento realizado pelo Ipea, são duas as principais causas que ainda fazem com que o Norte e o Nordeste do país sejam um celeiro da violência, enquanto a região Sul seja classificada como um das mais pacíficas para se viver:

1. Oportunidades de trabalho
O mercado de trabalho no Norte do país é muito diferente do encontrado no Sul. As oportunidades começam desde cedo, quando a criança é matriculada ou não na escola. A falta de investimento na educação faz com que cada vez menos pessoas do Norte e Nordeste do país encontrem boas oportunidade de emprego, muitas vezes entrando para a mundo da criminalidade e dos trabalhos ilícitos para sobreviver.

2. Diferenças socioeconômicas
Com a diferença gritante na educação e no mercado de trabalho, a renda é diretamente afetada. “A forma e a velocidade como o crescimento econômico afeta o território é outro aspecto relevante”, afirma levantamento do Ipea. Ou seja, quanto mais pobre o país, menores são as oportunidade encontradas nele e, consequentemente, piores a qualidade de vida e a segurança pública.

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Reprodução/Reprodução

Você, leitora, não precisa estar ciente dessas informações apenas para o vestibular. Na verdade, isso contribui para a sua formação como cidadã. É através do conhecimento que começamos a transformar a nossa realidade. Porém, a parte a seguir da pesquisa vai conversar diretamente com você. Preparada?

Você sabia que, de acordo com o Ipea, houve uma diminuição na taxa de homicídio de mulheres em 18 unidades federativas do país? Roraima, Goiás e Mato Grosso ainda são alguns dos lugares mais perigosos para se viver sendo mulher, contudo houve um grande avanço na grande São Paulo e você faz parte disso: lutando contra o machismo, aprendendo sobre feminismo e tendo atitudes girl power.

Entretanto, um dado muito preocupante ainda assombra as manas negras. Enquanto a taxa total do feminicídio no Brasil diminuiu, a mortalidade das mulheres negras sofreu um aumento de 22% no mesmo período, indo na contramão. “65,3% das mulheres assassinadas no Brasil no último ano eram negras, na evidência de que a combinação entre desigualdade de gênero e racismo é extremamente perversa”, esclarece Ipea.

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É assustador, mas, infelizmente, não é novidade: de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras. “O cidadão negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras raças/cores, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência”, afirma estudo realizado por Cerqueira e Coelho em 2017.

 

 

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