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“Cor da pele não diz nada”, afirma Dóris Martins, quase um mês após sofrer racismo nas redes

Mineira de Muriaé, interior do estado, ainda busca justiça e fala sobre sua história de amor com namorado Leandro para a CAPRICHO.

Por Da Redação Atualizado em 17 ago 2016, 14h39 - Publicado em 14 set 2014, 19h40

“Escrava”. Esse foi um dos comentários ofensivos que a negra Maria das Dores, mais conhecida como Dóris Martins, recebeu em uma foto postada no Facebook em que aparecia ao lado do namorado, Leandro De Freitas, branco. Você ainda deve se lembrar desse caso, que aconteceu há quase um mês, mesmo que, agora, o foco esteja totalmente voltado para a torcedora do Grêmio que insultou o goleiro Aranha, do Santos, chamando-o de “macaco”.

A verdade é que esses adjetivos, “negra” e “branco”, nem deveriam ser relevantes na história de Dóris, 20 anos, e Leandro, 18. Mas foram. “Sempre postamos fotos juntos, mas essa foi a primeira vez que passamos por uma situação de puro preconceito e racismo”, conta Dóris. “O Leandro me ligou para me alertar sobre os comentários. Quando entrei no Facebook e vi que era tudo verdade, fiquei muito chateada. Foi bem triste ler aquelas coisas horríveis sobre mim”.

Todos bateram muito na mesma tecla, a do racismo em pleno século XXI, mas se esqueceram de que Maria das Dores e Leandro têm uma história por trás do caso da fotografia, que continua sendo investigado pelo delegado Eduardo Freitas da Silva. “O Leandro malhava em uma academia que fica na mesma rua em que uma das minhas amigas mora. Sempre que ia para lá, ficava olhando ele passar e sentia que os olhares eram recíprocos. Um belo dia, vi o Leandro falando com um amigo meu, que contou para ele como eu me chamava. Ele me adicionou no Face, nós combinamos de sair e cá estamos nós hoje, um ano e oito meses depois”, lembra.

Leandro é o primeiro namorado de Dóris. “Ele é um verdadeiro príncipe, que consegue transformar pequenas coisas em grandes momentos”. Tanto a família da jovem quanto a do namorado nunca demonstraram resistência ao relacionamento e apoiaram o casal desde o primeiro momento. “Cor da pele não quer dizer nada. O que importa realmente é o que a gente tem por dentro e o que nos faz feliz”, desabafa.

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A repercussão do caso pode ter perdido força na mídia, mas no dia a dia do casal e de muita gente que se inspirou na história de Dóris, a luta contra o preconceito continua. “Pessoas que nem me conhecem me oferecem total apoio. Isso é muito importante para mim, pois nunca tinha passado por algo parecido”, explica Dóris, que termina dando um conselho para quem está enfrentando uma situação parecida: “Não importa o que as pessoas dizem. O que importa é o amor. Tentaram plantar a sementinha da maldade em nosso relacionamento, mas a única coisa que conseguiram foi que ele ficasse ainda mais forte. Lute por sua felicidade, pois ninguém mais fará isso por você”.

Agora, depois de ler tudo o que foi dito acima, não parece ainda mais surreal que algumas pessoas tenham se aproveitado do “anonimato” da internet simplesmente para agredirem gratuitamente um casal que sequer conheciam na vida real ? Bob Marley disse a seguinte frase em 1975 e ela continua fazendo total sentido nos dias de hoje: “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, ainda haverá guerra”. Mas que fique bem claro que a guerra de Dóris e de Leandro é contra quem cometeu os atos racistas na internet: ” temos planos de nos casar, porque quando duas pessoas se amam, elas querem ficar juntas para sempre”.

E que assim seja.

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