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Argentina grita pelo fim do feminicídio com movimento #NiUnaMenos

América do Sul - e mundo - se une em protesto contra preocupantes índices de feminicío na Argentina.

Por Marcela Bonafé Atualizado em 19 out 2016, 20h04 - Publicado em 19 out 2016, 19h12

A cada 36 horas, uma mulher morre na Argentina pelo simples fato de ser mulher. No último dia 8, a vítima foi Lucía Pérez, de 16 anos, que morava em Mar del Plata. Ela foi drogada, estuprada e empalada (perfurada por um objeto que foi introduzido em suas partes íntimas). Dois dos abusadores, um de 23 e o outro de 41 anos, depois de cometerem a crueldade, banharam o corpo da adolescente, trocaram suas roupas e a levaram a um hospital. Lá, para tentar acobertar o crime, eles disseram para os médicos que ela tinha sofrido uma overdose e ficado inconsciente. O real motivo da morte foi descoberto depois de exames, que indicaram que os responsáveis também inseriram objetos na menina.

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A promotora que está à frente do caso, María Isabel Sánchez, está inconformada e disse à imprensa que “jamais viu um conjunto de fatos tão aberrantes”. Nem nós. Mas sabe o pior? Depois de Lucía, até o dia de hoje, 19 de outubro, pelo menos outras sete mulheres foram assassinadas na Argentina.

Diante desse cenário assustador, cerca de 50 organizações se juntaram para convocar uma mobilização, que aconteceu hoje, carregando o nome de #NiUnaMenos. Das 13h às 14h, a proposta era que todas as mulheres parassem o que estavam fazendo e saíssem à porta de seus trabalhos e escolas – e elas realmente fizeram isso. Às 17h, ficou marcada a reunião para um protesto, que começou no centro de Buenos Aires. No entanto, mulheres de diversas cidades do mundo também foram às ruas pela causa.

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A solicitação foi de que todas as mulheres vestissem preto, em sinal de luto não só pela Lucía, mas por todas as vítimas de feminicídio no país. Em 2015, foram 235, sendo que na maioria dos casos, os criminosos eram companheiros ou ex-companheiros das mulheres assassinadas. Não à toa, os protestos de hoje ficaram marcados no Twitter com a tag #MiércolesNegro (Quarta-feira negra).

E também não é por acaso que outros países se solidarizaram com o #NiUnaMenos. O feminicídio assombra mulheres por todo o mundo. O Brasil, por exemplo, tem a quinta maior taxa: são 4,8 para 100 mil mulheres, de acordo com a ONU. O medo é real e as frases estampadas nas bandeiras e cartazes levantados no protesto também são.

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Nós queremos estar vivas, livres e sem medo. Nós queremos sair de casa sem ter o receio de que alguém possa nos fazer coisas terríveis a qualquer momento. Nós queremos ter certeza de que o nosso direito de ir e vir será garantido. Nós queremos não precisar temer desconhecidos (nem conhecidos). Nós queremos que nossas vozes sejam ouvidas, pela Lucía e por todas as mulheres que são vítimas por uma questão de gênero no mundo todo. O #NiUnaMenos é um começo.

Essa é a imagem que mais está sendo usada nas redes em apoio ao movimento.

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O machismo mata – e a impunidade, o acobertamento e a falta de ação dos responsáveis pela nossa segurança são cúmplices. Até quando vamos ter que chorar, protestar, implorar e até morrer por justiça? Basta.

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