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Me perdoe, meu Leonard

Por Da Redação Atualizado em 24 ago 2016, 18h29 - Publicado em 18 dez 2015, 16h44

Oi, gente-leitora?

Estamos bem?

Hoje vamos fazer tudo ao contrário por aqui. Já vou avisando, talvez as leitoras de sempre fiquem um pouco… Digamos… Incomodadas.

Vou falar de um excelente livro: Perdão, Leonard Peacock (Intrínseca), escrito por Matthew Quick. Por que conhecemos o autor? Porque foi ele quem escreveu O Lado Bom da Vida, que virou filme e rendeu à Jennifer Lawrence um tombo-fino-Dior e seu primeiro Oscar em 2012.

livro

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Sem enrolar muito, a história é um pouco pesada. Bem norte-americana. Um garoto, em seu aniversário de 18 anos, decide matar um ex-amigo (e colega de escola) e depois se matar. (Falei que era bem norte-americana) Esse garoto é Leonard Peacock. Mas o que o levou até a esse ponto?

O pacote bullying completo. Leonard é desajustado, praticamente abandonado pela mãe, zoado na escola, incompreendido… Tudo aquilo que, como adolescentes (ei, lembre que já fui um!), sabemos de cor. Algumas pessoas sabem mais (desculpe, prometo que melhora), outras sabem menos (que sorte). Daí que, uma hora, em posse da arma que foi de seu avô, Leonard decide se vingar do ex-amigo (o motivo da vingança é bem horrível) e dar fim ao seu sofrimento. Radical, melancólico, triste, muito triste.

É lógico que, num primeiro momento, me identifiquei, ainda que bem de longe, com o protagonista. Que difícil não ter amigos, que difícil odiar a escola, que difícil viver. Mas, no decorrer da história, minha cabeça foi mudando de lado. Calma, continuei com meu coração e minha torcida por Leonard, mas comecei a pensar nas outras pessoas, naquelas que, de alguma forma, tinham responsabilidade por aquilo que estava acontecendo com aquele adolescente suicida.

Quantos amigos, vizinhos, professores, primos, tios poderiam ter ajudado Leonard? Quantas pessoas poderiam ter olhado o protagonista nos olhos e percebido seu pedido silencioso de ajuda? Muitas. Muitas mesmo. Você vai ver que, no livro, assim como na vida, essas pessoas existem. Pessoas maravilhosas que conseguem colocar o outro em primeiro lugar quando ele precisa mais de ajuda do que elas mesmas. Magnífico. Mas, e eu? Já fiz ou faria isso por alguém?

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Numa madrugada de insônia e chocolates, puxei na memória os meus Leonards. Sim, mesmo eu, o adolescente estranho, tive aqueles colegas que pude esnobar, tratar um pouco mal, só pra me sentir menos pior. Ué, erros que a gente comete quando ainda está aprendendo o que é viver nesse mundo. Erros que, ao ler o livro de Matthew, me arrependi de cometer. Foi bom sair da posição de vítima e me sentir um pouco algoz (Ah, essa é a provocação que anunciei lá no começo do post). Quer tentar fazer esse exercício também? Eu te ajudo.

E eu começo.

(A carta a seguir é pra uma pessoa que eu não gostaria de expor, mas que eu gostaria muito que a lesse)

Amiga,

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Perdoe pelas vezes em que te tratei mal. Pelas vezes em que coloquei a minha necessidade a frente da sua, mesmo sabendo que você precisava muito mais.

Perdoe se te troquei no intervalo pela simples chance de me sentar com pessoas mais “legais”, pessoas que nem se lembrariam de mim no dia seguinte.

Perdoe se não percebi que juntos poderíamos ter sido incríveis um para o outro. Amigos um do outro. E defendermos um ao outro. E não deixarmos que nada nos atingisse.

Perdoe se eu, naquele momento, fui a parte fraca. O mais bobo, o mais superficial. Gostaria de poder voltar no tempo e fazer tudo diferente.

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Me perdoe.

 

Bom, não sei se essa amiga um dia vai chegar a ler esse post, mas espero que eu nunca mais cometa o mesmo erro. Sei que vou me esforçar pra isso.

Agora, minha proposta é que você aí escreva uma carta para algum “Leonard” seu. Talvez ainda dê tempo de entregá-la (no meu caso, os anos deixaram tudo muito longe), talvez dê tempo de falar com ele/ela pessoalmente. Se você quiser, conseguir ou puder. Mas, se não conseguir e, mesmo assim, quiser escrevê-la, mande para o meu e-mail, Thiago.theodoro@abril.com.br.

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Vou gostar muito de receber sua carta. E tenho certeza de que o próprio Leonard, da história, gostaria de recebê-la, mesmo não te conhecendo. Afinal, um amigo era tudo o que ele precisava naquele dia em que resolveu dar fim a própria vida.

Ei, promete ler o livro e me contar o que achou?

Um beijo,

Thi

Ah, o mesmo recado de sempre: indicações de livros no Twitter (@thiwitter) e no instagram (#clubedolivroch)

 

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