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Você se acha gorda?

Leitoras da CAPRICHO revelam como a obsessão pela magreza pode sair do controle e jogar a garota numa situação de onde é bem doído escapar

Por Da Redação Atualizado em 24 ago 2016, 23h54 - Publicado em 17 dez 2015, 19h15

Ok se você não estiver totalmente satisfeita com o seu corpo. É praticamente impossível encontrar alguém que se olhe no espelho e ache tudo perfeito, lindo. O que não dá é perder a noção e achar que você é uma das garotas mais gordas do mundo quando você está com um peso absolutamente normal ou no máximo um pouquinho acima. Fuja da roubada de virar uma escrava da balança, achando que tudo de errado no mundo vai se resolver quando você emagrecer. Não se engane: nem mesmo os problemas do seu mundo particular vão sumir se você partir para uma tática suicida de emagrecimento. Assim como o personagem de Sthefany Brito na novela Começar de Novo, tem gente que surta para perder peso e se afunda num transtorno alimentar, problema que não aparece só porque a menina quis ficar doente. Muitos fatores influenciam o desenvolvimento da doença, e o genético pode ser um deles. Estudos mostram que filhas de mulheres que já tiveram o transtorno são mais propensas a ter anorexia ou bulimia do que o resto da população. Veja agora as histórias da Nadja, da Larissa e da Deise. E sinta o drama do que elas passaram. Ou que ainda passam.

“Cheguei a pesar 25 kg e quase morri”

Nadja Beserra, 17 anos

“Tenho 1,58 m e peso 45 kg. Sempre fui magra, mas andava com umas meninas que eram modelos. E me achava gorda. Um dia, uma delas disse que, se eu quisesse ser modelo, teria que emagrecer. Comecei a fazer uns regimes loucos. Mentia que já tinha comido. Chegou no ponto em que não comia nada, só bebia água. Ia escondida vomitar no meu quarto, fiquei craque em vomitar sem fazer barulho. Às vezes não tinha mais o que pôr pra fora, fazia tanta força que até chorava. Cheguei a pesar 25 kg. Era carne e osso. Mesmo assim achava que tinha que emagrecer mais e mais. Me pesava de 5 em 5 minutos. Depois de três meses, meus pais descobriram minha doença e correram atrás de tratamento. Parei de ir à escola. Não tinha mais força para ir. Minha mãe colocou câmeras pela casa para me vigiar. Ia à psicóloga todos os dias, me tratava com nutricionista, tomava vários remédios pela veia… Minha terapeuta me mostrava fotos de meninas anoréxicas e eu as achava lindas… Tenho certeza de que, se não fosse meus pais, não estaria mais aqui. Não ia perceber a hora de parar. No meio do tratamento me toquei que estava ficando louca e que eu era linda, não precisava daquilo. Então comecei a ir ao tratamento com gosto e cada dia tinha mais certeza que ia me curar.”

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“Tinha estomatite toda a semana”

Larissa Monteiro, 19 anos

“Minha insatisfação com o físico foi muito gradativa, mas, quando vi, estava afundada na bulimia. Primeiro queria mudar meu visual. Cortei o cabelo, pintei, mas… Fiz um piercing, achando que era isso que faltava, mas não! Comecei a reparar mais no espelho e me achar gordinha. Roubei remédios para emagrecer da minha irmã. Ela descobriu. Mudei de tática e comecei a vomitar tudo que comia. Por outro lado, tinha ataques compulsivos: detonava de tal forma a comida que tinha dor no maxilar de tão forte que eu mastigava. No começo induzia o vômito, depois nem precisava: logo, tudo que comia voltava! Até hoje sinto refluxo. Emagreci muito. Meu esôfago estava ferido por causa da acidez e tinha estomatite toda semana. Não aguentei e contei para o meu irmão, que alertou a família toda. Fui a um psiquiatra. Diagnóstico: depressão e bulimia. Comecei a tomar remédio e fazer terapia semanalmente. Resolver… resolveu! Fui melhorando. Ainda tenho umas quedas, mas são controláveis. O difícil era ouvir o julgamento das pessoas ‘Você é burra, para que faz isso?’ , sem terem noção que é um ciclo vicioso. O pior foram as seqüelas: tenho que fazer exame de sangue a cada 3 meses e minha alimentação é toda regrada, já que tenho deficiência de sódio e potássio. Penso se valeu a pena. Acho que não. Minha saúde está comprometida, uma gripe para mim é caso de cama por uma semana.”

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“Só comia alimentos com até 60 cal”

Deise de Oliveira Azarias, 13 anos

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“Eu pesava 44 kg. Queria ficar com 38 kg. Não me importava de ficar sem coxa, sem bumbum, sem peito – queria ficar com a barriga seca, custasse o que custasse. Então parei de comer tudo o que tinha mais de 60 quilocaloria (kcal). Comia uma bolacha no café, não almoçava e jantava salada. Se sentisse fome, comia uma bolacha ou bebia muita água. Fiquei assim por uns 3 meses. Um dia não comi nada antes de ir à escola e, lá pelas 3 da tarde, passei mal e fui para a enfermaria. Me disseram que estava com anemia e, se não me cuidasse, ia ficar com anorexia. No dia seguinte, minhas amigas levaram uma revista que tinha uma reportagem sobre transtornos alimentares. Brigaram muito comigo. Perguntavam se eu queria ficar como as meninas da matéria.Aí eu me toquei. Nunca cheguei a provocar vômito, mas tomei laxante uma vez que comi muito num casamento. Tenho 46 kg hoje.Acho que, se me sentisse estufada de novo, poderia tomar laxante outra vez.Parei com a coisa de não comer nada com mais de 60 kcal. Sigo me cuidando, mas não exagerando!”

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